08 de janeiro de 2012 | 03h07
Tomboy ganhou o Urso de Ouro gay no Festival de Berlim do ano passado. Isso poderia confinar o filme ao gueto das produções GLS, que ainda sofrem o preconceito, mas não é o que vem ocorrendo. Em todo o mundo, e não apenas na Alemanha - ou na França, terra da diretora -, Tomboy vem seduzindo os críticos.
A própria Céline afirma que, embora o tema da identidade sexual lhe seja caro, ela nunca viu o prêmio da Berlinale como uma coisa restritiva, e nem poderia. "Pedro Almodóvar recebeu este prêmio no começo da carreira dele. Se eu tiver 10% do respeito que ele usufrui hoje em dia, junto ao público e aos críticos, já estarei feliz."
Há uma cena muito delicada no filme. É a do banho, que desvenda o sexo do 'garoto'. Ela é absolutamente necessária na arquitetura dramática de Tomboy, mas por pouco Céline Sciamma não teve de desistir de sua ficção. Se o filme tivesse sido feito nos EUA, ela muito provavelmente teria recebido acusações de abuso sexual.
Mas a garota Zoé Héran, que faz o papel, e seus pais foram muito maduros. Zoé é sensacional. Céline sabia que, se não encontrasse a intérprete certa, seria melhor desistir do projeto. Ela não queria transformar a personagem numa caricatura nem numa aberração. Zoé superou sua expectativa, como você vai conferir. / LUIZ CARLOS MERTEN
TOMBOY
Direção: Céline Sciamma (França/ 2011, 82 min.). Elenco: Zoé Héran, Malonn Lévana, Jeanne Disson, Sophie Cattani. Estreia prevista para sexta
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