Na rede, tesouros contam história da MPB

Entra no ar a Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

Um show dos cantores Alfredo Del-Penho e Pedro Paula Malta, com repertório de Francisco Alves e Mario Reis, hoje à noite, no centro cultural do Instituto Moreira Salles no Rio, fechado para convidados, será a primeira transmissão ao vivo da Rádio Batuta, que a instituição pôs no ar em seu

site

. A rádio pública MEC AM (800 khz) reproduzirá toda a programação, a partir do próximo dia 6, sempre às 20h30, mas só para o Rio.

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A boa música popular brasileira é o chamariz. Um dos programas será inteiramente dedicado ao repertório e à movimentada trajetória de vida de Noel Rosa, com comentários, entre outros, de Caetano Veloso, de seu biógrafo, João Máximo, e do pesquisador Sérgio Cabral. Em outro, vai ter um homenageado por vez: o primeiro será o pianista Custódio Mesquita, coautor de clássicos de nosso cancioneiro, como Nada Além e Saia do Caminho, cujo centenário se comemora este ano, como o de Noel. A coordenação da rádio é do ensaísta e letrista Francisco Bosco.

Artistas relevantes terão oportunidade de imprimir seu gosto num programa em que mostrarão músicas que admiram, e que lhes servem de inspiração. No primeiro, João Bosco exalta de Ernesto Nazareth a Dorival Caymmi. Também já gravaram participações Marisa Monte, Monarco e Mariana Aydar.

Os convidados têm como manancial o riquíssimo acervo do instituto, que começou a ser reunido há dez anos, com foco na preservação, e hoje conta com milhares de discos, do início da era do LP aos anos 50 pré-bossa nova (boa parte, portanto, em 78 rotações).

A base são as coleções dos pesquisadores José Ramos Tinhorão e Humberto Franceschi, ambas iniciadas entre os anos 50 e 60 - a primeira comprada e a segunda, doada ao IMS. Além dos arquivos pessoais de gente como Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Elizeth Cardoso, dos quais o instituto também cuida, o baú do tesouro tem mais de cem mil músicas.

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História. São gravações que contam uma parte da história da MPB e que, agora, deixarão de ser um (quase) segredo bem guardado - embora já estivesse online, acessível por um sistema de busca, o acervo ainda é pouco conhecido.

"É um patrimônio que pode ter um público maior, mas que estava muito restrito", diz o jornalista Paulo Roberto Pires, consultor do IMS. "Tem as raridades, como a gravação de Ernesto Nazareth ao piano, que possivelmente é a única existente, e também as surpresas."

Além de deleitar os amantes de música daqui, a rádio servirá a pesquisadores de universidades de outros países. Os ouvintes poderão ainda espiar tudo o que é realizado nos centros culturais de São Paulo, Rio e Poços de Caldas (cursos, palestras, shows, conferências).

Outra atração será o ciclo de aulas-show capitaneadas por José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski no IMS em 2009 sobre o fim da canção, dividido em 16 capítulos.

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