
12 de março de 2011 | 00h00
Ao longo de Underneath the Pine, Bundick se perde na nostalgia, mas produz cenas musicais ritmadas, coloridas por psicodelia e texturas elegantes. Talvez isso seja fruto de seu processo criativo, que, como muitos desses músicos, se dá entre quatro paredes, de forma hermética, o que parece facilitar o abandono de referências atuais em prol de uma estética musical de outros tempos, um sonho vintage vivido sem interrupção. Isso faz de Underneath the Pine um disco instigante. Somada à vastidão de reverbs e melodias suspensas nas composições de Bundick, a ambiguidade temporal cria uma atmosfera sutilmente desorientada, que age como hipnose ou analgésico. Musicalmente, Bundick sabe o que faz. Sua escolha de harmonias é inteligente. As canções se desdobram com modulações e acordes jazzísticos, formando segmentos aparentemente desconexos que se revelam bem costurados pela simplicidade das melodias. Ao microfone, o músico pede a bênção de Brian Wilson, santo padroeiro do pop dos anos 60, outra década igualmente vítima da obsessão da cultura pop com si mesma.
TORO Y MOI
UNDERNEATH
THE PINE
Deckdisc
Preço: R$ 23
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