Na França, os melhores escritores do ano são estrangeiro

O Goncourt, o mais importante prêmio da língua francesa, foi para o escritor afegão Atiq Rahimi

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Por EFE
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O franco-afegão Atiq Rahimi, de 46 anos, escritor e cineasta e autor de Syngué Sabour - Pierre de Patience  ('Pedra de Paciência', em tradução livre), foi laureado o vencedor da edição de 2008 do Prêmio Goncourt, a mais importante honraria da Literatura em língua francesa. Éo primeiro livro de Rahimi em francês, anunciaram os organizadores do concurso, cuja decisão foi divulgada hoje, como de hábito, no restaurante Drouant de Paris. O autor tem dupla nacionalidade francesa e afegã.A distinção veio horas depois que outro estrangeiro, o guineense Tierno Monenembo, de 61 anos, ter sido escolhido o vencedor do prêmio Renaudot, por seu romance Le Roi de Kahel.    Exilado político, Rahimi era um dos favoritos a receber o Goncourt 2008, ao lado dos franceses Jean-Marie Blas de Roblès, autor de Là oú Les Tigres Sont Chez Eux, e Michel le Bris, de La Beauté du Monde. A decisão foi anunciada no final da manhã desta segunda, 10, em Paris, após um segundo turno de desempate, do qual o afegão saiu vencedor por 7 votos contra 3 para Le Bris.   Nascido no Afeganistão em 1962, filho de um juiz e político e membro de uma família "liberal e ocidentalizada", Rahimi estudou na escola franco-afegã de Cabul. Sua posição privilegiada na sociedade local, porém, não resistiu aos 40 anos de guerras pelos quais o país atravessa. Depois de se exilar na Índia, no Paquistão e na França, o jovem retornou a seu país em 1980, quando trabalhou na mineração. A experiência lhe rendeu seu primeiro livro, Terre et Cendres, escrito em persa, o qual adaptou ao cinema, recebendo o prêmio Regard d’Avenir no Festival de Cannes, em 2004.   Rahimi lançou na França, ainda em persa, duas outras obras: Les Mille Maisons Du Rêve Et de La Terreur, de 2002, e Le Retour Imaginaire, de 2005. Syngué Sabour, em 2008, faz o escritor retornar ao tema da guerra e dos dramas humanos por ela despertados. O romance narra a história de uma esposa que se dedica a cuidar de seu marido, um ex-soldado em estado vegetativo em razão de um ferimento a bala. "A língua materna é aquela na qual aprendemos as proibições e os tabus", disse à revista Nouvel Observateur, ao explicar por que decidiu escrever em francês.    Além do Goncourt, também foi entregue hoje o prêmio Renaudot que, após 11 rodadas de votação, ficou com Tierno Monenembo por Le Roi de Kahel (Seuil) na categoria romance, e para Boris Cyrulnik por Autobiographie D'un Épouvantail (Odile Jacob), na categoria ensaio.

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