Na Feira de Frankfurt, expectativa sobre o novo prêmio Nobel

O evento que abre nesta quarta-feira para o público precede o anúncio do ganhador do Nobel de literatura, que deverá ser feito em alguns dias

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Por Agencia Estado
Atualização:

A maior feira de livros do planeta abre nesta quarta-feira suas portas, em Frankfurt, na Alemanha. Como em todos os anos, representantes das principais editoras do mundo reúnem-se durante quatro dias, iniciando ou definindo negócios que poderão resultar em vendas espetaculares. Ao mesmo tempo, alimentam as expectativas sobre o próximo ganhador do prêmio Nobel de literatura, que deverá ser divulgado em alguns dias. O diretor da feira literária, Jürgen Boos, ressaltou na terça-feira, durante entrevista coletiva que abriu o evento, que a educação é a chave para o setor editorial, o que motivou a mostra a dedicar novos foros e atividades ao tema. A luta contra o analfabetismo funcional na Alemanha e as atividades em torno da Índia, que este ano é o país convidado, são os dois principais aspectos do programa. Boos reconheceu que, apesar disso, o aspecto central da feira continuará sendo o contexto econômico do setor editorial que, segundo os números, parece gozar de boa saúde. ´A feira é um reflexo do que acontece no setor. Todos os pavilhões estão vendidos, a área de exposição cresceu 4% e temos 7.272 expositores, o maior número já registrado, provenientes de 113 países´, disse Boos. O momento, segundo informações do setor, é animador. Presidente da União Internacional de Editores, a argentina Ana María Cabanellas, ressaltou que os negócios do setor editorial chegaram a 69 bilhões de euros, superando o faturamento da indústria de venda e aluguel de vídeos, CDs, jogos de computador e produtos musicais pela internet. ´Somos a indústria criativa por excelência´, disse ela, deixando para trás os temores da última década, quando os novos meios chegaram a ser considerados uma ameaça para a indústria editorial. O problema, porém, está na distribuição desigual. ´Um terço de todos os livros são publicados no mercado americano,um terço na Europa e um pouco menos que isso na Ásia do Pacífico´, disse Ana María. ´Todas as outras regiões, ou seja, as editoras do mundo árabe, a indústria editorial africana ao sul do Saara e da América Latina, tomadas em conjunto, ficam com apenas 5%.´ Mesmo sem considerar os números totalmente seguros, especialmente em relação à América Latina, onde é possível que se esteja publicando mais do que as estatísticas revelam, Ana María Cabanellas disse que é preciso ´admitir que há regiões no mundo nas quais a cultura do livro praticamente não existe´. A editora argentina lamentou que em algumas partes do mundo, incluindo parte da América Latina, esteja acontecendo uma espécie de ´desertificação cultural´. Também fez críticas à atuação de alguns governos, com o aumento da atividade editorial do Estado às custas das editoras privadas e a tolerância com a pirataria. ´No México, as editoras piratas publicam mais livros que o Estado e a indústria editorial juntos´, disse ela, com base em informações das editoras mexicanas. Há, porém, boas notícias como o crescimento do mercado na Argentina, o que aumenta a especulação de o país ser o próximo convidado depois da Catalunha, confirmada para 2007. Este ano, a Índia ganhou um amplo espaço no programa da feira, com mais de 70 autores presentes que representam boa parte dos 24 idiomas falados no país. Os organizadores aguardam, ainda, a divulgação do novo prêmio Nobel de literatura, que pode acontecer amanhã ou no dia 12. Como de hábito, as especulações apontam para diversos nomes, entre antigos e novos favoritos. Na bolsa de apostas, o turco Orhan Pamuk aparece à frente, seguido do sírio Adonis, do polonês Ryszard Kapuscinski, e dos americanos Joyce Carol Oates, Philip Roth e Bob Dylan. Correndo por fora, mas com chances significativas, aparecem o peruano Mario Vargas Llosa, o israelense Amos Oz, o mexicano Carlos Fuentes, o sul-coreano Ko Un e o holandês Cees Noteboom. ´O que parece certo é a preferência por uma literatura de testemunho´, disse Jonas Axelsson, da Bonnier, uma das principais editoras suecas. Com agências internacionais

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