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Na estante da semana, Portugal e sua guerra colonial na África

Por Agencia Estado
Atualização:

´Fado Alexandrino´ mostra as disputas políticas e militares em Angola. E mais: as pessoas e os negócios, as dores do exílio... UM ROMANCE DA GUERRA COLONIAL. NELE, UM AMPLO RETRATO DE PORTUGAL. Fado Alexandrino é o retrato da sociedade portuguesa entre os anos de 1972 e 1982. António Lobo Antunes, o autor, considerado pala crítica internacional um dos grandes nomes da literatura contemporânea em língua portuguesa, estava no último capítulo do livro, de 700 páginas, quando resolveu jogar tudo fora e voltar ao princípio. Finalizado em 1983, o livro, segundo ele, "não é um romance sobre a guerra colonial na África. No fundo, é uma história, só uma, contada através de cinco personagens, cinco tipos". Querendo ou não Antunes, o livro (608 páginas, R$ 49,00), lançado pela Rocco, é apontado pela crítica como um romance da geração que fez a guerra colonial africana e dela regressou com um sentimento interior de vazio. Um grupo de ex-militares (um tenente-coronel, um tenente, um alferes e um soldado) reúne-se num jantar com o ex-comandante de um batalhão expedicionário em Moçambique e à mesa relembra dez anos sobre si mesmo e sobre o Portugal de antes, durante e após a Revolução dos Cravos. As lembranças dos cinco evocam as disputas políticas e militares em Angola, as dificuldades no retorno a Lisboa, a guerra e suas terríveis conseqüências, as relações profissionais, familiares e sociais. UM NOVO LIVRO DE MENNA BARRETO. EM DISCUSSÃO, MUITAS IDÉIAS. Um novo livro de Roberto Menna Barreto, autor de doze. Nele, Idéias sobre Idéias, estão reunidos mais de 500 pensamentos sobre o que é criatividade. Aliás, o tema do coração do autor, que já conduziu cerca de 450 seminários sobre o assunto. O texto de apresentação de Idéias sobre Idéias é do escritor Luis Fernando Veríssimo. Olha o que diz ele: "O Roberto é um homem de idéias não só porque as tem, aos balaios, mas porque as coleciona, e cataloga, e estuda, e distribui. Ele é criativo sobre criatividade. Criatividade se ensina? O Roberto não tem feito outra coisa nestes últimos anos do que responder sim a esta pergunta, e provar." "Idéias sobre idéias. O pensamento sobre o pensamento. Sacadas sobre a misteriosa capacidade humana de sacar o que ninguém ainda tinha sacado. Como é que ninguém pensou nisso antes? Em matéria de criatividade, O Roberto continua sendo o seu próprio melhor exemplo." Um livro, da Summus Editorial, de 128 páginas. Preço: R$ 19,00. MUITO CUIDADO NOS NEGÓCIOS. ESCOLHA AS PESSOAS CERTAS. SENÃO... O livro A Influência do Fator Pessoal nos Negócios, da Editora Campus, reúne perguntas e respostas preciosas para empresários e executivos. A partir de entrevistas com líderes empresariais, Ronna Lichtenberg, conceituada consultora, desenvolveu nove princípios de relacionamento que, segundo ela, garantem levar a vida profissional a novos patamares de sucesso, eficácia e realização. O livro mostra idéias de personalidades, desde presidentes de empresas da Fortune 500, passando pelas pessoas mais ricas da Forbes, incluindo gigantes do esporte, do entretenimento e da moda. Ronna apresenta na obra uma visão prática e inspiradora das novas regras no mundo dos negócios. Em A Influência do Fator Pessoal nos Negócios (240, páginas, R$ 49,00), a autora mostra também como fazer mais do que apenas colecionar cartões num evento, ou coquetel. O segredo é a forma de estabelecer relacionamentos que irão abrir as portas para o próximo emprego, o próximo cargo ou o próximo cliente. UMA REFLEXÃO SOBRE O EXÍLIO. E TAMBÉM SOBRE AS DORES DA CULPA. Em 1989, depois do massacre da praça da Paz Celestial, Su Xiaokang, jovem jornalista e um dos líderes do movimento pela democracia, viu-se obrigado a fugir da China, deixando para trás a mulher e o filho pequeno. Só dois anos depois, sua família pode juntar-se a ele, nos Estados Unidos. Mas em 1993 um trágico acidente automobilístico deixou sua esposa incapaz de andar ou falar. Em Memórias do Infortúnio, lançado pela Editora Globo, Su Xiaokang descreve a angústia de viver no exílio, a busca desesperada pela cura milagrosa da esposa e a preocupação pela crescente americanização do filho. No livro (256 páginas, R$ 29,00), Su Xiaokang reflete também sobre a maneira pela qual as pessoas são às vezes obrigadas a encontrar o sentido da vida castigadas por tragédias e sofrimentos inimagináveis. Além disso, o autor faz referências constantes à literatura e aos personagens históricos chineses. As memórias de Su Xiaokang convidam o leitor a uma odisséia profundamente pessoal, revelando um homem que, depois de estar no centro de um drama político de grande magnitude, dedica-se à missão de refazer o mundo emocional da mulher e do filho. AS MEMÓRIAS DE UM CERTO JULIANO, COM O HUMOR REFINADO DE TEZZA. Em Juliano Pavollini, lançado em 1989 e reeditado pela Rocco, o romancista catarinense Cristovão Tezza conta a história de um homem que, segundo ele próprio, tinha tudo para dar certo. O narrador é, em alguns momentos, o adolescente que experimenta os percalços de uma sobrevivência problemática, esmagado pela insegurança, pelo erro e pela culpa, e em outros o homem maduro, na cela da prisão, confessando à psicóloga Clara a sua história. A história começa na infância difícil, sob o jugo de um pai severo, passando para a rebeldia crescente, que preconiza a intensidade dos sentimentos que o acometeram numa jornada de tragédias. A trajetória é curta, mas forte: foge de casa aos dezesseis anos, no dia da morte do pai, e refugia-se nas asas de Isabela, uma mulher que parece a deusa salvadora de sua vida, num bordel da Curitiba dos anos 60. Depois, como que seguindo o roteiro do abandono, envolve-se em assaltos na periferia, sonhando ao mesmo tempo com um futuro tranqüilo, invejando os pequenos prazeres da classe média, que ele vê como modelo. O romance Juliano Pavollini (216 páginas, R$ 26,00) tem a marca da literatura de Tezza, principalmente o seu humor refinado. A História de Dom Sebastião. um rei que mudou portugal. O fascinante, nos romances históricos, é que, às vezes, a História mostra-se mais surpreendente e dramática que a própria ficção. É o caso de O Desejado. O livro nasceu de um amplo trabalho de pesquisa histórica de Aydano Roriz, que visitou vários dos lugares nele retratados (Portugal, Bélgica, Espanha) e consultou centenas de sites da Internet e livros do século XVII em português arcaico. A idéia inicial de Aydano era romancear os quase doze meses da ocupação holandesa na Bahia. Mas foi descobrindo fatos tão curiosos sobre o Portugal daquele tempo que decidiu adiar o projeto e escrever sobre Dom Sebastião. Rei aos três anos de idade, morto aos vinte e quatro em cruzada contra os muçulmanos, Dom Sebastião mudou a História de Portugal. Transformado em mito, vários séculos depois ainda vive no imaginário popular. Todos os personagens que permeiam o romance atuaram no palco da História, nas circunstâncias descritas. O que o autor fez foi emprestar a cada um deles vida nova e personalidade. O Desejado (Prestígio, 480 páginas, R$ 36,90) é o terceiro romance histórico de Aydano Roriz. Historiador de fim-de-semana, a vivência na área jornalística não permite que ele se atenha a apenas uma versão dos fatos. "O gostoso, mesmo, é cruzar fontes antagônicas, para chegar depois à sua própria conclusão", diz o escritor.

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