Na Estante da Semana, o quarto relato de Gaspari

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Por Agencia Estado
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O quarto livro do jornalista Elio Gaspari sobre os anos da ditadura militar, lançado agora pela Companhia das Letras, é um dos livros indicados nesta coluna. OS TEMPOS AMARGOS DA DITADURA, NO QUARTO RELATO DE GASPARI. As mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho são dois dos episódios marcantes ocorridos nos mil dias cobertos por A Ditadura Encurralada (Companhia das Letras, 528 páginas, R$ 56,00), quarto livro da série do jornalista Elio Gaspari sobre a ditadura militar. O relato começa após a vitória do MDB, único partido de oposição, nas eleições de 1974, e vai até outubro de 1977, quando o então presidente Ernesto Geisel demite o general Sylvio Frota, ministro do Exército, alcançando uma vitória contra os militares que se opunham ao seu projeto de distensão. Amparado por entrevistas feitas com Geisel e seu ministro da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, e pelo arquivo pessoal deste último, Gaspari mostra que a dupla desmontou o aparelho repressivo, mas não buscava a volta da democracia. O livro também traz o que o jornalista chamou de "geração de 77": os universitários que se manifestaram pela primeira vez na missa realizada em memória de Herzog, em 1975, e que, dois anos depois, sairiam às ruas em passeatas de oposição à ditadura. A narrativa é pontuada com notas da poetisa Ana Cristina Cesar, que Gaspari diz ter escolhido como símbolo dessa geração após ler textos nos quais ela negava o rótulo de esquerdista. LER É MESMO PRECISO? CADA VEZ MAIS, DIZ A GLOBAL EDITORA. Um livro que reúne nada menos de doze escritores, entre os quais autores de histórias infantis, pedagogos, críticos literários, ilustradores e jornalistas. A organização coube à professora Elisabeth D?Angelo Serra. Com a edição de Ler é Preciso (144 páginas, R$ 20,00), a Global dá continuidade a um trabalho iniciado em 2001, quando publicou Ética, Estética e Afeto na Literatura para Crianças e Jovens. No livro estão diversas intervenções anotadas durante o Seminário Ler é Preciso, no qual discutiu-se uma questão de fundamental importância para os profissionais envolvidos com a literatura infanto-juvenil: a questão da leitura propriamente dita. As discussões giraram em torno do compromisso dos adultos com a difusão da leitura, a promoção e a divulgação de livros infantis na mídia impressa, a importância das bibliotecas, a necessidade de se ler bons livros e o papel do livro informativo na educação de crianças e jovens. O SUCESSO DE UMA ESTREANTE CHEGOU AOS OUVIDOS DA BEST SELLER Um livro que acaba de chegar à segunda edição. A primeira foi bancada pela autora. Agora, Desistir, Jamais exibe o selo da editora Best Seller. Trata-se de uma história que chegou às livrarias na hora exata: um momento da vida do país em que mais do que nunca discute-se a tragédia dos excluídos. Uma hora em que uma das vedetes da mídia é o projeto Fome Zero. Em seu Desistir, Jamais, a escritora catarinense Iria Raimundo Schnaider conta a trajetória de um favelado, Nícolas, que sonha, desde criança, com um mundo menos cruel do que a favela onde nasceu. Uma favela chamada "Buraco". A estréia de Iria Schnaider mereceu do escritor Cláudio Bersi de Souza estes elogios. "Iria estréia na literatura com uma obra, inspirada no cotidiano vivido na periferia urbana, com todos os percalços que a vida impõe", escreveu ele. "Alí onde a lei é própria e regida arbitrariamente; ali onde o amor é comprado e subjugado; ali onde há um ditador que não aceita as ordens cumpridas pela metade... Embora seja uma obra da ficção, é o retrato da verdade," conclui Bersi. Iria Schnaider, nascida em Major Gercino, cidade a pouco menos de cem quilômetros de Florianópolis, vive hoje na bela Armação de Itapocorói, Penha, no litoral do Estado, onde é empresária. Desistir, Jamais (Best Seller, 180 páginas, R$ 21,00). UM NOVO LIVRO DE AMÓS OZ. NELE, UMA DISCUSSÃO SOBRE O FANATISMO. O fanatismo e a intolerância são os temas principais do novo livro de Amós Oz que acaba de ser editado pela Ediouro. Nele, Contra o Fanatismo, estão três conferências do escritor israelense no Fórum de Literatura da Universidade de Tübingen, na Alemanha, onde atuou como professor convidado em 2002. O ponto de partida é o mundo pós-11 de setembro, com a disseminação do terror e o acirramento dos conflitos entre árabes e israelenses. Mas ele vai muito além do noticiário ao tentar investigar as motivações mais profundas ? e universais ? daqueles que matam e morrem apegados às suas certezas. "Pessoas que explodem clínicas de aborto nos Estados Unidos, que queimam mesquitas e sinagogas aqui na Alemanha diferem de Bin Laden apenas em escala, mas não na natureza de seus crimes", argumenta. Em 1967, Amós Oz foi à guerra por entender que seu país estava ameaçado. Na década seguinte já militava no Paz Agora, principal movimento pacifista israelense. Por isso, o novo livro (108 páginas, R$ 24,90) traduz mais do que idéias: sua substância é a vivência de quem rememora a infância, quando atirava pedras nos blindados britânicos que ocupavam Jerusalém, assim como os palestinos o fazem hoje contra as tropas israelenses. Amós Oz nasceu em Jerusalém em 1939. Sua obra já foi traduzida para mais de 30 idiomas. UM BOM LIVRO DE CRÔNICAS. E COM MUITAS PITADAS DE HUMOR. Crônicas ou contos? Eis a questão. Para Jorge Fernando dos Santos, a crônica é um gênero híbrido, que mistura elementos jornalísticos e literários. No seu caso, ele busca no cotidiano de Belo Horizonte, cidade onde mora, os temas para a coluna que assina semanalmente no jornal Estado de Minas, onde trabalha como editor de Suplementos e Revistas. Personagens como Juventino e Juan, por exemplo, revivem situações tragicômicas comuns ao dia-a-dia de pessoas anônimas das grandes cidades brasileiras. Humor e lirismo, temperados com boas pitadas de sarcasmo e ironia, são as principais características dos 40 textos reunidos em Todo Mundo é Filho da Mãe (168 páginas, R$ 21,00), editado pela Ciência Moderna. Trata-se do 19º livro do autor. Todo Mundo é Filho da Mãe reafirma o estilo vigoroso de Jorge Fernando dos Santos e traz também alguns artigos, reflexões e parábolas que refletem os paradoxos da vida moderna de maneira crítica e risível. DEZ ANOS DE FOGO E MUITO CHUMBO NA AMÉRICA LATINA E ARREDORES O autor apresenta o livro como "um relato objetivo, mas não desprovido de emoção". De fato, não é. Em No Olho do Furacão ? América Latina nos anos 60/70, do jornalista Paulo Cannabrava Filho, o que não falta é emoção. O livro (336 páginas, R$ 37,00), lançado pela Cortez Editora, reúne os acontecimentos mais significativos vividos ou presenciados pelo autor na América Latina e em alguns países de outros continentes, nos anos de 1960 até 1979. Trabalhando como jornalista, em redações ou como correspondente, ou atuando politicamente ao lado de líderes e dentro de processos revolucionários, Cannabrava procura colocar os fatos dentro do contexto histórico, geográfico e sócio-político de cada país. Isso faz do livro uma obra realmente indispensável para quem deseja compreender um dos períodos mais criativos da América Latina.

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