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Na Estante da Semana, o nordeste ganha espaço nas letras

Por Agencia Estado
Atualização:

A diversidade cultural e o vocabulário típico do nordestino são os destaques de Paisagem Cultural Brasileira e Dicionário do Nordeste AS HISTÓRIAS DE UM CONSULTOR ÍNTIMO DO PODER O autor, Ney Lima Figueiredo, advogado e consultor de comunicação, é apresentado no prefácio do livro Diálogos com o Poder como "um homem que fala com os deuses". A definição é de Mirian Paglia Costa, a editora, que a considera "muito boa para alguém que colocou a comunicação estratégica a serviço de instituições e personagens entre os mais influentes do país, praticamente inventando uma área de atuação e suas ferramentas". De fato, no livro (Editora de Cultura, 232 páginas, R$ 29,90) estão histórias que envolvem algumas das mais fortes entidades de classe patronais, como a dos industriais e a dos banqueiros. Estão também histórias de campanhas eleitorais desde quando o marketing político era um campo incipiente. Ney Figueiredo mostra o período romântico da publicidade brasileira e identifica a solidão do estadista ? capturada no convívio profissional com o presidente Fernando Henrique Cardoso. São todas histórias que envolvem organizações fortes, como a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a CNIF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras) e a Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). O autor comenta, inclusive, o racha na Fiesp nas eleições deste ano. Em um dos capítulos de Diálogos como o Poder, o autor fala com intimidade da grande imprensa, seus erros e acertos, suas peculiaridades. Condena teorias conspirativas, vai ao centro da questão ao afirmar: "O produto jornalístico pode ser considerado uma espécie de mosaico, com múltiplos elementos que vão desde a reputação das fontes de informação até seu comportamento ético, isto é, o cumprimento da lei. Quem é tratado como um olimpiano hoje pode amanhã cair do pedestal, porque o manto sagrado da imprensa é volúvel e muito concorrido. Tudo porque, como produto, a informação é um processo industrial que busca o lucro e, como serviço ao público, tem como matéria-prima o acontecimento". Prega o diálogo, não o confronto. A cultura e a paisagem do Nordeste Um novo livro com o selo da editora Terceiro Nome. Nele, Paisagem Cultural Brasileira/ Região Nordeste (160 páginas, R$ 60,00), está uma viagem por nove Estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Uma edição bilíngüe. O texto é da jornalista Marta Goes, a versão em inglês de Juliana Spink Mills. Um livro com mais de 100 fotos do Nordeste. O primeiro capítulo, Paisagem Natural, mostra principalmente a dualidade natural da região mais seca do país. Uma região que, ao mesmo tempo, é dona de muitas das mais belas praias do país. De um lado o mar, do outro o sertão semi-árido, no qual predominam não apenas a vegetação da caatinga e os cactos, mas também os maciços e chapadas que, com seus solos férteis e úmidos e seus rios e quedas-d?água, destacam-se no meio do sertão. O segundo capítulo, Expressão Regional, mostra como o Nordeste, marcado pelo estigma da seca e da tradição colonial da monocultura e do latifúndio, ressurge economicamente a partir de sua diversidade e do desenvolvimento industrial. As últimas páginas são dedicadas à grande diversidade cultural. A região, conhecida principalmente pela mescla entre índios, negros e o colonizador europeu, tem uma marca única. Nela encontram-se no dia-a-dia desde terreiros de candomblé a igrejas católicas, do canto gregoriano dos corais ao frevo e ao maracatu das ruas, da lavagem da escadaria da Igreja do Bonfim aos trios elétricos do carnaval. Dessa diversidade surgem as várias vertentes de sua arte, seu folclore e seu artesanato, presentes em festas populares e também na literatura de cordel, no cinema de Glauber Rocha, na literatura de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, na música de Luiz Gonzaga, Gilberto Gil e Caetano Veloso. O novo livro da Terceiro Nome é o quinto de uma série sobre as diversas regiões do Brasil, que já mostrou Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. A HISTÓRIA DE LIMA BARRETO, CONTADA POR FRANCISCO DE ASSIS BARBOSA. O autor, um paulista de Guaratinguetá, destacou-se no mundo intelectual como jornalista, historiador, biógrafo e ensaísta. Mas começou a ser notado, realmente, no começo dos anos 50, quando o seu A Vida de Lima Barreto, agora reeditado, mereceu o Prêmio Fábio Prado. O livro (José Olympio, 460 páginas, R$ 40,00), aliás, mereceu, também, ao ser lançado, muitos elogios. O historiador Sérgio Buarque de Holanda, por exemplo, viu no trabalho de Francisco de Assis Barbosa a reunião das "virtudes de uma genuína biografia literária com as de uma reportagem perfeita em grande estilo". De fato, o autor preferiu excluir de seu livro as chamadas análises profundas sobre o personagem. Preferiu escrevê-lo como jornalista. Está é a oitava edição de A Vida de Lima Barreto. A primeira depois da morte do autor, em dezembro de 1991. A advertência de um médico. Cuidado!, não exagere nos esportes. Um livro sujeito a polêmicas. Muitas polêmicas. Em Esporte Mata! (180 páginas, R$ 27,00), que está chegando às livrarias com selo da editora Casa Amarela, o médico José Róiz diz coisas assim: Os esportes que exigem muito esforço ? como a corrida e a natação ? apressam o envelhecimento do organismo humano e devem ser substituídos, especialmente pelos idosos, por exercícios mais brandos, como caminhadas e ioga. São prejudiciais tanto o excesso de repouso como o de trabalho. A educação física é ministrada desde o 1º grau escolar, mas muito dos exercícios praticados são desnecessários porque os realizamos espontaneamente em nossas atividades cotidianas. No ato de se sentar ou levantar, exercitamos músculos do abdome e dos membros inferiores, como nas ginásticas para diminuir barriga e nas que aumentam a musculatura das pernas. Então seria desnecessário praticar tais exercícios porque sentamos e levantamos muitas vezes diariamente. Os exercícios físicos não deveriam ter por finalidade aumentar a musculatura, mas única e exclusivamente ativar a circulação das diferentes partes do corpo. A era dos espartanos já ficou muito para trás. Agora estamos na das máquinas! Hoje, até a lavoura é mecanizada. A apresentação é do professor Gilberto Felisberto Vasconcellos, que endossa todas as advertências de José Róiz, um médico de Pará de Minas (MG). AS MUITAS PALAVRAS DO "NORDESTINÊS". MAIS DE CINCO MIL. Um livro que nasceu de mais de oito anos de viagens e pesquisas. Ou de garimpos, como prefere o autor. Nele, o Dicionário do Nordeste, lançado pela editora Estação Liberdade, o jornalista Fred Navarro, um pernambucano do Recife (paulistano importado) reúne cerca de 5.000 palavras e expressões do "nordestinês". Coisas assim: Abufelar ? O sentido mais comum é irritar, pegar no pé, encher o saco. Mundiça ? Ralé, povinho, pobreza. Alma sebosa ? Bandido muito cruel, que merece ser executado. Caritó ? Mulher que não casa, vitalina, solteirona. Lasqueira ? Encrenca, coisa ruim, confusão. Baitolagem ? Afetação, bichice. Fuleiragem ? Vadiação, ficar à toa. O cão chupando manga ? Pessoa capacitada, bamba, maioral. Marmota ? Coisa mal feita, chutada, feita às pressas; pessoa feia, mal-vestida. Escambau ? Tem o sentido de "e tudo o mais", "e o que vier", "seja lá o que for". Piloura ? Perda momentânea da consciência, chilique. Arre! / arre égua! ? É dito por quem está muito surpreso ou bastante irritado. A grande maioria das palavras não está nos dicionários mais freqüentados, como o Aurélio e o Houaiss. Mas viajam o Brasil, levados pelos migrantes. Na apresentação do livro (404 páginas, R$ 36,00), a professora Nelly Carvalho, do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, mostra que os nordestinos, do Maranhão à Bahia, exercem, de fato, um dialeto cheio de arcaísmos, de modismos variados. Não só no vocabulário, mas nos torneios sintáticos, na entonação e na prosódia. "Temos de reconhecer", diz ela, "que não se fala no Recife como em Sorocaba, Bagé ou Manaus. E essas diferenças são percebidas com maior acuidade quando nos afastamos de nosso meio". Um desfile das muitas etnias de São Paulo Um livro de muitos autores. Em Povos de São Paulo, que acaba de chegar às livrarias com o selo de prestígio da Terceiro Nome, está um rico painel das etnias ? as muitas nações ?, que construíram a cidade de São Paulo. As 170 páginas reúnem não apenas trabalhos e depoimentos dos fotógrafos Iatã Cannabrava, Gal Oppido, Eduardo Muylaert, Marlene Bérgamo, João Wainer, Juan Esteves, Penna Prearo, Mônica Zarattini, Egberto Nogueira e Pisco del Gaiso, mas também imagens, dados e informações sobre as vídeocrônicas assinadas por Dainara Toffoli, Kiko Goifman, Jurandir Müller, Rachel Monteiro e Tatiana Toffoli. O livro (170 páginas, R$ 60,00) mostra duas São Paulo. Uma, vista do alto, é um oceano de arranha-céus, casas, avenidas, automóveis. Um oceano feito de concreto, telhas e estruturas metálicas, que impressiona pelo gigantismo. A outra, vista de dentro, revela sua face humana, feita de encontros, desencontros, grandes realizações, esperanças, ousadias. Mostra-se, sobretudo, uma megalópole heterogênea, espaço público onde se misturam sotaques do mundo inteiro. Basta andar com os ouvidos atentos por alguns quarteirões para se encantar com a língua dos africanos, os ideogramas nas fachadas dos restaurantes japoneses, a algaravia das cantinas italianas, os lenços palestinos ornando os cabelos das mulheres, árabes conversando nas portas das mesquitas, judeus comemorando mais uma passagem do ano. A Terceiro Nome é uma editora cujo tema principal é o Brasil. As regiões do Brasil. As flores, as danças, as festas, a história do Brasil. As raízes sociais e culturais do Brasil. A visão brasileira sobre questões mundiais, como a primeira guerra e os centros das grandes metrópoles. A arte brasileira, os artistas brasileiros. A censura, o cangaço, os movimentos messiânicos e a guerra de guerrilhas no Brasil.

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