Na Estante da Semana, a vida e obra do poeta e compositor Torquato Neto

Toninho Vaz conta tudo sobre um dos mentores do movimento tropicalista. E mais: o Brasil narrado em piadas, sátiras e caricaturas; a história do pão, esse alimento universal; uma galeria com os 50 maiores pensadores contemporâneos, uma discussão sobre a violência em casa...

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A HISTÓRIA DE TORQUATO NETO. AGORA, EM LIVRO. Um livro que certamente surpreenderá pelas revelações. Pra mim Chega - A biografia de Torquato Neto (234 páginas, R$ 36,00) está chegando às livrarias com o selo de prestígio da Editora Casa Amarela. O autor é o jornalista Toninho Vaz, que também já biografou o poeta Paulo Leminski. O poeta e compositor Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina, no Piauí. Mas ainda adolescente mudou-se para Salvador. Foi, em parceria com os baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso, um dos mentores intelectuais do movimento tropicalista. Compositor de músicas marcantes, como Louvação (com Gil), Geléia Geral (com Caetano), Pra Dizer Adeus e Lua Nova (com Edu Lobo), Let´s Play Thath (com Jards Macalé), Mamãe Coragem e Marginália 2. Criador da famosa coluna Geléia Geral no jornal Última Hora e fundador dos jornais nanicos Presença e Navilouca. Um dia, após completar 28 anos de idade, ligou o gás do banheiro e se suicidou. Deixou um bilhete: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega!" O livro de Toninho Vaz mostra não apenas o lado mais ou menos conhecido da vida de Torquato Neto, mas também algumas marcantes intimidades. UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO BRASIL. NA VISÃO DE ALGUNS HUMORISTAS. Um livro em que a História do Brasil, do final do século XIX até 1940, é contada através de piadas, sátiras e caricaturas. Piadas, sátiras e caricaturas publicadas na imprensa ou levadas ao palco dos teatros de revistas e aos programas de rádio. Algumas foram até reunidas em discos e filmes. Esta é a matéria-prima que o historiador Elias Thomé Saliba reuniu em Raízes do Riso (360 páginas, R$ 39,50), livro editado pela Companhia das Letras. Irreverentes e críticos, os humoristas brincaram com a linguagem e com os costumes e fizeram a crônica de um período de profundas transformações históricas. Provocando o riso, contribuíram para forjar a identidade brasileira. O livro revela como a produção humorística brasileira atuou intensamente no processo de modernização do país, na criação de um novo jornalismo e no desenvolvimento de novos meios de comunicação, ao mesmo tempo que inovou no uso da língua, aproximando a cultura escrita da tradição oral. Elias Thomé Saliba revigora o estudo da história cultural e oferece um texto ilustrado com divertidas caricaturas, capaz de nos fazer refletir - de ângulos originais - a respeito do Brasil e da visão de mundo dos brasileiros. UMA TERRÍVEL EPIDEMIA DE GRIPE QUE MATOU MILHÕES NA ÁSIA E NAS AMÉRICAS Em setembro de 1918, um assassino estava solto. Sua área de atuação estendia-se da Ásia até às Américas, passando pela Austrália e África. Era uma epidemia de gripe. Milhões de pessoas morreram, os caixões se tornaram escassos e necrotérios por todas as partes do mundo estavam abarrotados de corpos. Em Gripe, lançado pela Record (384 páginas, R$ 40,00), a jornalista norte-americana Gina Kolata, repórter de Ciência do New York Times, conta a história de uma das mais impressionantes epidemias, que resultou numa mortandade tão significativa quanto a Peste Negra, na Idade Média. Mais americanos morreram por causa desse vírus do que nas Primeira e Segunda guerras e nos conflitos da Coréia e do Vietnã. Foram 500 mil no total. Ao redor do globo o número atingiu a impressionante marca de 100 milhões de pessoas. UMA HISTÓRIA DO PÃO. AGORA, COMPLETA. Um fragmento que recolhemos há algum tempo na História da Alimentação no Brasil, de Luís Câmara Cascudo, era a nossa referência constante ao pão. Usamos em outros textos sobre culinária. Uma coisa assim: "O pão não se arremessa: pousa-se; não se corta: parte-se; se ele cair ao chão, apanha-se e beija-se. Ao pão está sempre associada uma idéia de religiosidade, quer ela seja pagã ou cristã". As palavras não são exatamente de Cascudo: ele as recolheu, por sua vez, de Grande Seara, livro do escritor Emanuel Ribeiro, um português do Porto. Aliás, segundo o mestre potiguar, as homenagens ao pão são constantes em Portugal. Diz ele em outro livro, o seu Dicionário do Folclore Brasileiro: "As superstições e tradições vieram naturalmente de Portugal. A fabricação do pão, com suas cerimônias, cruzes na massa, ensalmos para crescer, afofar, dourar a crosta, foram correntes no Brasil, na proporção em que se cozia nas residências. Passando para as padarias, a superstição foi desaparecendo. Resta ainda, pelo interior do país, a proibição de atirar o pão fora, deixá-lo cair propositadamente, não o reerguer, benzendo-se com ele, símbolo da vida e guarda do espírito de Deus na hóstia". As histórias do passado são boas, sem dúvida. Mas agora uma história mais completa do pão acaba de chegar às livrarias. Um livro de título despretensioso - apenas Pão - Arte e Ciência (320 páginas, R$ 60,00) -, mas recheado de revelações. Um lançamento da Editora Senac. Todos supõem conhecer bem o pão, esse alimento universal e ao alcance diário do paladar de ricos e pobres, mas serão surpreendidos pelo trabalho de Sandra Canella-Raws. Especialmente pela variedade de informações que ela fornece. O livro mostra o nascimento do alimento e a sua evolução através dos tempos, chegando ao século XXI com papel de destaque nas mesas mais chiques, possuindo até boutiques e grifes. O pão, como ela mostra, está presente em todos os relatos da humanidade. Na Roma antiga, no ano 100 a.C., havia quase trezentos padeiros. Na Grécia, um certo padeiro chamado Theanos foi elogiado por Platão. No Oriente, o alimento assumiu formas diversas como o pitta e o chapati. Na Idade Média o pão era sinônimo de status, e só os nobres tinham acesso à farinha de melhor qualidade. A autora, que já foi professora do Senac (SP), é uma especialista em panificação e confeitaria. Brasileira, mas hoje residindo em Fort Lauderlade, na Flórida (EUA). No final do livro, estão mais de 80 receitas e fórmulas pesquisadas e testadas dos mais simples aos mais complexos tipos de pão. UMA GALERIA DE CINQUENTA GRANDES PENSADORES. OS MELHORES DO MOMENTO. Uma introdução da mais alta qualidade ao mundo aparentemente incompreensível do pensamento moderno e, acima de tudo, pós-moderno. Em 50 Pensadores Contemporâneos Essenciais, John Lechet proporciona ao leitor a compreensão e a absorção das teorias que se opuseram ao estruturalismo, apresentando seus mentores e respectivas teorias. Sem abrir mão do rigor epistemológico, o livro visa a esclarecer o pensamento dos principais pensadores modernos. Sua lista de nomes inclui figuras do porte de Chomsky, Foucault, Irigaray, Derrida, Bataille, Baudrillard, Adorno, Freud, Saussure, Kristeva, Lacan, e de outras figuras literárias que mudaram a forma como a linguagem é concebida e que também influenciaram o pensamento do pós-guerra. O leitor passeia pelo estruturalismo, pela semiótica e pelo pós-marxismo até chegar à modernidade e à tão controversa pós-modernidade. Em cada um dos 50 verbetes, o autor ilumina habilmente a complexidade dessas mais variadas formas de pensamento com uma clareza ímpar, fornecendo subsídios para outras leituras. 50 Pensadores Contemporâneos Essenciais (Difel, 280 páginas, R$ 38,00) demonstra que o pensamento no século XX enfatiza mais a relação dimensional da existência do que uma dimensão essencial, destacando-se como leitura imprescindível para quem quer compreender a história intelectual dos últimos cinqüenta anos. UM DEBATE MUITO IMPORTANTE PARA AS FAMÍLIAS. SOBRE A VIOLÊNCIA EM CASA. As múltiplas causas e conseqüências da violência familiar e, também, os caminhos para o combate e a prevenção é o tema do livro O Fim do Silêncio na Violência Familiar: teoria e prática, organizado por Dalka Ferrari e Tereza Vecina, profissionais do Centro de Referências às Vitimas da Violência, de São Paulo. O projeto do Centro atende semanalmente dezenas de crianças de zero a seis anos de idade e também as famílias. Além do atendimento psicológico e social das vitimas da violência doméstica, suas famílias e agressores, o trabalho tornou-se referência nas ações de prevenção, pesquisa e formação de profissionais especializados na questão. O Fim do Silêncio na Violência Familiar (Editora Ágora, 336 páginas, R$ 41,00) é uma coletânea de artigos que conta a experiência dos vários profissionais que participam do projeto. Foi escrito para mostrar cada passo e os resultados da iniciativa, cujas sementes foram plantadas há quinze anos, além de estimular e servir como modelo para novos projetos na área. A iniciativa do Centro foi premiada pela Abrinq em junho de 2002 e tem a Fumcad/ Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, o Ministério da Previdência, a Secretaria da Saúde do Município de São Paulo e a Unicef como parceiros.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.