Na Estante da Semana, a vida de Rebouças, negro, advogado e abolicionista

Historiadora analisa o político em ?O Fiador dos Brasileiros?. E mais: um novo romance policial de John Lescroat, um guia pas as empresas e seus negócios, as dicas para a escolha de uma profissão...

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Por Agencia Estado
Atualização:

A TRAJETÓRIA EXEMPLAR DE UM INTELECTUAL ABOLICIONISTA Em O Fiador dos Brasileiros, a historiadora Keila Grinberg faz uma análise da biografia de Antônio Pereira Rebouças, um dos principais defensores do abolicionismo. O livro, editado pela Civilização Brasileira, mostra um pouco do que era ser negro ou pardo no Brasil oitocentista, ainda sob a influência do trabalho escravo. Explora também a questão de adoção de políticas afirmativas para o combate ao racismo e coloca no centro do debate a questão das identidades raciais no país. A autora acompanha a trajetória do político e advogado Rebouças desde o seu nascimento, em 1798, até sua morte, em janeiro de 1880. Analisa como Antonio Pereira Rebouças, filho caçula da mulata Rita dos Santos e do português Gaspar Pereira Rebouças, transformou-se num dos maiores especialistas em direitos civis do país, além de pai do engenheiro abolicionista André Rebouças. O Fiador dos Brasileiros (350 páginas, R$ 39,00) descreve como as modestas posses da família levaram Rebouças a trabalhar como escriturário em Salvador - de tanto lidar com leis, tornou-se rábula, doutor sem diploma. Advogado autodidata, várias vezes deputado, nas décadas de 1830 e 1840, Rebouças funciona como fio condutor das mudanças no tratamento dos negros brasileiros. Ele é o paradigma de um novo negro: intelectual formado nos quadros da moderna cultura ocidental. O ÓBVIO PODE SER UM BOM NEGÓCIO. EXCELENTE NEGÓCIO. Quadro 1. Entra em cena um personagem. Seu nome? Óbvio. Saído da imaginação da administradora de empresas e publicitária Luciene Branco, Óbvio ganhou um rosto no traço do artista gráfico Raghi. O Óbvio reside em todo lugar, freqüenta a mesma padaria e a mesma banca de jornais da rua. Mas é um ilustre desconhecido no bairro. Quadro 2. Outro morador do bairro é o empresário Bernardo Ramos. Os dois personagens, um imaginário mas extraído do mundo empresarial brasileiro, e o outro, Óbvio, real, palpável, convivem e dialogam ao longo das 144 páginas de Mark-Óbvio, um manual de markenting dirigido especialmente a pequenos e microempresários, administradores de empresas, gerentes de vendas e publicitários. Enfim, os profissionais interessados - ou mesmo dependentes - das ferramentas do marketing. Mark-Óbvio, da Summus Editorial (R$ 21,00), é, assim, uma aula de ditadismo da primeira à última página.Um livro de texto leve, claro. Não apenas profissionais mas também o leigo - o leigo interessado em conhecer os conceitos fundamentais do marketing -, pode usufruir, e aprender muito, com a leitura de Mark-Óbvio. A autora, formada em administração pela FAAP, e pós-graduada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, reúne em Mark-Óbvio sua experiência como consultora de empresas e sua vivência em agências de publicidade do porte da McCann-Erickson e da Logus. UM LIVRO COM INGRDIENTES PESADOS. MUITOS INGREDIENTES. Está de volta o advogado Dismas Hardy, personagem do escritor norte-americano John Lescroat. Agora, em Nada Além da Verdade, editado pela Rocco (520 páginas, R$ 44,00). Crime, sexo, política, incêndio criminoso, seqüestro, pornografia infantil, luxuria, traição,perdão.Com todos esses ingredientes, John Lescroat mantém sua receita sob controle e o resultado é um fascinante romance policial, em que Dismas Hardy, advogado, tem setenta e duas horas para solucionar um crime ocorrido há três semanas. O tempo é crucial, pois Frannie, sua esposa, foi presa por desacato após se recusar a revelar, diante do grande júri, um segredo que lhe fora confiado por um amigo, Ron Beaumont. Do inicio ao fim da rede de intrigas e interesses contrariados, o que mais ressoa são segredos domésticos que afetam Hardy e seu casamento. A tensão de lealdades correntes e o sentimento de cada um dão profundidade e vigor à trama, galvanizada pela luta de Hardy para libertar a esposa e solucionar o crime em tempo recorde. COISAS DA INFÂNCIA, NA VISÃO DE DEZESSEIS INTELECTUAIS. Em Os Intelectuais na História da Infância, da Cortez Editora, organizado pelos professores Moises Kuhlmann Jr. e Marcos Cezar de Freitas, estão trabalhos de nada menos de dezesseis autores, brasileiros, portugueses, argentinos e norte-americanos. A idéia do livro (504 páginas, R$ 46,00) é mostrar momentos singulares, nos quais o trabalho intelectual transformou os temas crian-ça e infância em "objetos de ciência" e razão de ser da constituição de muitas "obras de referência" sobre o assunto. A origem do projeto está no livro História Social da Infância no Brasil, cuja primeira edição, em 1997, abriu caminho para um processo de reflexão concatenada, no país e fora dele, a respeito das tramas de idéias e representações que, nos últimos séculos, têm acompanhado interpretações socialmente partilhadas sobre a criança em suas particularidades e também em suas repercussões políticas. Quando o livro História Social da Infância no Brasil foi publicado, anunciou-se que uma coletânea já entrava em processo de organização. É o livro Os intelectuais na História da Infância. UM GUIA INTELIGENTE E PRÁTICO PARA O SUCESSO DE EMPRESAS Um lançamento da Campus: Relacionamentos Estratégicos - A chave do sucesso nos negócios, de Leonard Greenhalgh, professor de administração e gestão de relacionamentos da Amos Tuck School of Business Administration em Dartmouth College. O livro de Greenhalgh (356 páginas, R$ 59,90) chega às livrarias brasileiras acompanhado de elogios de peso. "Um guia inteligente e prático, baseado em experiência real e profunda", diz dele, por exemplo, Michael Wheeler, professor de Administração da Havard Business School. Vejamos o que se discute em Relacionamentos Estratégicos. Qual é o segredo da vantagem competitiva no mundo dos negócios atual? Será que basta aos gerentes planejar, organizar, dirigir ou controlar, como no passado? Para Greenhalgh, os gerentes bem-sucedidos de hoje são antes de mais nada negociadores hábeis em estimular, orientar, proteger e apoiar relacionamentos de cooperação, além de gerenciar conflitos com colegas, funcionários, chefes, fornecedores, clientes e concorrentes. Segundo o autor, as empresas que terão sucesso na nova era serão as que souberem fazer os elementos organizacionais atuarem em conjunto - integrar, com eficiência, estratégia, processos, organização do negócio, recursos, sistemas e pessoal com empowerment. O autor mostra também como os relacionamentos, ao invés da tecnologia ou know-how, são a base da nova empresa ampliada. OS ALICERCES DE UMA CARREIRA. SAIBA COMO ESCOLHER. E agora? Como não dá para adaptar o mundo às suas necessidades, o que lhe resta fazer? Ora, adaptar-se - com inteligência e discernimento - às demandas que o mundo impuser. Essa é a questão. Em E Agora, o Que é Que Eu Faço?!, Adriano Silva vai direto ao ponto e mostra os principais passos para escolher ou mesmo verificar se sua escolha de profissão está certa. Utilizando-se de sua própria experiência, o autor mergulha nas dúvidas mais freqüentes sem julgar, apenas reconhecendo-as e mostrando um caminho, sem querer impor nada. O livro (Alegro, 168 páginas, R$ 25,00), deixa claro que entender a diferença entre emprego e carreira é fundamental para que o vestibular possa tornar-se um aliado na posterior realização profissional. Todas essas decisões importantes devem ser tomadas nesse período onde a vida está apenas se apresentando. O autor, gaúcho de Porto Alegre, é mestre em marketing internacional pela Universidade de Kyoto, Japão.

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