Na Estante da Semana, a condição da mulher no mundo ocidental, desde as culturas antigas

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Por Agencia Estado
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São três mil anos de história, comparando o status da esposa através do tempo. E mais: a versão ?Romeu e Julieta? dos presídios cariocas; ensaios do mineiro Silviano Santiago, em reedição; os conceitos do psicodrama, a música feita por computador... A LONGA VIAGEM DA MULHER OCIDENTAL, DESDE O INÍCIO. Quem será a "esposa" em um casamento gay ou lésbico? Pode o termo "esposa" ter um significado dentro de uma união em que não existam diferenças sexuais entre os parceiros? Ou será que a palavra "esposa" irá sobreviver como uma idéia social e psicológica, implicando qualidades femininas tradicionais, como meiguice, cuidado e emotividade? As respostas para perguntas como essas, e muitas outras, estão em A História da Esposa, de Marilyn Yalom. Um livro importante para que se conheça a realidade da condição da mulher no mundo ocidental, desde as culturas antigas, passando pelos greco-romanos, à Idade Média e chegando aos tempos modernos. A autora, professora de literatura comparada e diretora de um instituto de pesquisas para a mulher, busca os vários significados que ser esposa alcançou ao longo da trajetória humana. A partir de uma análise da situação atual, em que as mulheres, a despeito da participação massiva no mercado de trabalho, do sexo livre e do alto número de divórcios, continuam querendo ser esposas. Marilyn Yalom percorre três mil anos de história, comparando o status da esposa nos primeiros tempos da civilização, no período pré-moderno e, em especial, nos últimos 200 anos. O livro (Ediouro, 488 páginas, R$ 49,90) é também um estudo das leis, das práticas religiosas, dos costumes sociais e dos aspectos econômicos e políticos que afetaram diversas gerações de esposas. UMAS BOAS HISTÓRIAS E ALGUMAS OUTRAS BOAS ESTÓRIAS Um psicanalista, um filósofo e um teólogo. Os três, presentes no mesmo Rubem Alves, estão nas páginas do mesmo livro. Dividido em cinco partes, ele reúne textos que abarcam os principais questionamentos existenciais da humanidade. Nele, anjos, alma, inferno e céu são debatidos sob um enfoque ousado e surpreendente, que desmistifica idéias preconcebidas. Transparências da Eternidade (Editora Verus, 152 páginas, R$ 20,90) é um livro de "histórias e estórias", como o apresenta Rubem Alves. Textos impecáveis, saborosos. Um bom exemplo está em "As promessas", onde o autor defende uma outra forma de presentear Deus que não seja o tradicional oferecimento de algum sacrifício. Escreve ele: "Como exemplo aqui vão algumas das promessas que farei. Vou andar diariamente, sem obrigação de fazer exercício, por algum bosque ou jardim deste universo maravilhoso, por puro prazer... Vou ouvir muita música, canto gregoriano, Bach, Beethoven, Mahler, César Franck. Vou ler o Fernando Pessoa inteiro. Vou aprender a cozinhar. Vou receber os amigos. Vou beber cerveja, vinho, Jack Daniels. Vou brincar com coisas e com pessoas. Que Deus me ajude. E que ele se alegre com minhas promessas". O MESTRE DO PSICODRAMA JACOB MORENO, EM DICIONÁRIO. Depois de nove anos de pesquisas, a psicoterapeuta paulista Rosa Cukier reuniu em um dicionário os principais conceitos utilizados pelo criador do psicodrama. Palavras de Jacob Levy Moreno (Editora Ágora, 368 páginas, R$ 46,00), facilita a compreensão do pensamento do autor, conhecido também pela complexidade de seus textos. O dicionário é útil tanto para especialistas em psicodrama que queiram apenas confirmar ou ampliar o conhecimento dos conceitos utilizados por Moreno, como para aqueles que estão iniciando os estudos sobre o tema e queiram evitar mal-entendidos. Rosa Cukier, psicoterapeuta formada pela Sociedade de Psicodrama de São Paulo e pelo Instituto J.L. Moreno, teve a idéia de fazer o vocabulário de conceitos morenianos há 15 anos, quando começou a escrever livros sobre psicodrama e pesquisava a obra do autor à procura de alguma citação ou definição que havia lido em algum lugar, mas não se lembrava onde. UM AMOR ATRÁS DAS GRADES. E QUE ACABA EM TRAGÉDIA. O jornalista Júlio Ludemir passou muitos finais de semana batendo ponto num presídio carioca. Tinha um bom motivo: escrever a história de Valéria e Marquinho - a versão "Romeu e Julieta" dos presídios cariocas. Ela, sobrinha de um chefão do Terceiro Comando. Ele, integrante de primeira hora do Comando Vermelho. Essa é a história de No Coração do Comando (Record, 192 páginas, R$ 25,00), romance de estréia de Ludemir. Valéria e Marquinho viram-se pela primeira vez no Complexo Penitenciário Frei Caneca e logo as facções rivais proibiram o romance. Presos em cadeias vizinhas, os dois ignoraram a proibição. E, apaixonados, protagonizaram durante três anos uma história de amor jamais vivida no interior de uma cadeia. Um amor que só poderia acabar em tragédia, como no clássico de Shakespeare. UM LIVRO DA EDITORA CAMPUS, PARA MÚSICOS E APRENDIZES. Um livro em que Luciano Alves, pianista, compositor e analista de softwares, mostra como é possível fazer música com o auxílio de equipamentos eletrônicos e informatizados. Chama-se Fazendo Música no Computador. O livro (Editora Campus, 324 páginas, R$ 49,00), com revisão técnica de Sólon do Valle, outro especialista na matéria, pode ser utilizado por iniciantes que pretendem entrar no mercado da música digital ou por aqueles que já conhecem a matéria, mas desejam se aprimorar. Novos campos de atuação para músicos e produtores foram criados, segundo o autor, com a introdução da informática na música. A própria tecnologia dos computadores desencadeou ou contribuiu para o surgimento de novos estilos musicais. A tecnologia atual permite registrar notas uma a uma, emendar trechos já gravados e utilizar bases pré-seqüenciadas de forma que, em curto espaço de tempo, a música está montada. UMA NOVA REEDIÇÃO DO MINEIRO SILVIANO SANTIAGO Um relançamento. Nas Malhas da Letra, de Silviano Santiago, publicado em 1988, reúne 16 ensaios sobre literatura e cultura brasileiras, escritos entre os anos de 1982 e 1988, sendo uma referência à avaliação crítica da criação literária nacional: seus rumos, desvios e influências. O escritor mineiro aponta alternativas para o projeto de modernização artística brasileira. Nas Malhas da Letra (Rocco, 276 páginas, R$ 30,50) está dividido em quatro partes. Na primeira, uma análise da produção literária pós-64. Na segunda parte, a preocupação é com os modernistas. O autor exercita uma crítica que pressupõe uma tomada de posição consciente, relevante e polêmica. Na terceira, retoma a questão das relações entre a Europa e as Américas pelo viés do ensaio de Umberto Eco, Viagem pela hiperrealidade, e pela crítica de uma forma de censura artística em país tão democratizado quanto a Alemanha pós-hitleriana. E, por último, recupera a preocupação teórica que se encontra disseminada nos seus textos que tangenciam a literatura comparada. O objetivo é questionar a metodologia de leitura, que se encontra em sua produção recente. Também fazem parte do debate proposto na obra as relações de poder, as grandezas e impasses surgidos com os ideais da Semana de Arte Moderna de 1922 e a interferência da mídia na produção e legitimação da literatura.

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