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Na era dos reality shows

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

São dois filmes distribuídos no Brasil pela PlayArte e a empresa, a bem da verdade, espera faturar bastante com Rec 2 - Possuídos e O Último Exorcismo. O primeiro estreia hoje, o outro no dia 24 - a PlayArte não quer perder nada do frisson que o longa de Daniel Stamm, produzido por Eli Roth, está provocando na internet. O novo horror da era dos reality shows chega se constitui numa tendência específica.O diretor Stamm tem uma tese. Ele acha que soltar a câmera na mão dos atores para captar imagens assustadoras que são integradas ao relato se constitui numa invenção genial. "Você não tem de se preocupar com a técnica. O espectador não se importa se está fora de quadro nem de foco. E isso possibilita à gente se concentrar no trabalho de interpretação. Digam o que disserem, O Último Exorcismo é muito bem interpretado."Ele poderia estar falando do longa de Jaume Balagueró e Paco Plaza, Rec 2. A chave do filme é o tempo real, as longas sequências trabalhadas em bloco, o que não impede a dupla de diretores de inverter a narração e retomar o relato do ponto que quiserem, às vezes em busca de uma explicação, ou então de um efeito. "Os reality shows mudaram nossa percepção de dramaturgia", gosta de avaliar Balagueró.Iraque. O produtor Eli Roth gosta de citar Cloverfield. Seria pretensioso, talvez, comparar O Último Exorcismo a um filme cujo tema político parecerá mais sério aos críticos - Redacted, de Brian De Palma, sobre a Guerra do Iraque. Mas a verdade é que é assim que as coisas funcionam no imaginário do espectador, desde os anos 1960. A Guerra do Vietnã foi a primeira a ser servida em tempo real, na sala de jantar, no noticiário das 8 da noite. E o espectador que via a carnificina prosseguia depois com um filme, ou um show.No limite, o que está em discussão em Rec 2 - Possuídos (Rec vem de Record, gravar, aplicado às câmeras de vídeo, em O Último Exorcismo - e em A Bruxa de Blair, Cloverfield, Distrito 9 e Redacted - é a civilização da imagem. Rec 2 impressiona, mas também decepciona com suas explicações sobre a possessão dermoníaca, aplicada ao vírus. O twist final parece furtado de O Escondido, pequeno clássico fantástico de Jack Sholder. Até chegar lá, segure-se para não morrer de medo, ou susto, com as traquinagens aprontadas pela dupla Balagueró/Plaza.

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