Na Bienal do Rio, cresce o faturamento das editoras

14. ª edição do evento registra vendas 2,45 mi de exemplares, com aumento de 10% no público não escolar

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Por Roberta Pennafort e Ubiratan Brasil de O Estado de S. Paulo
Atualização:

A gripe suína roubou um pouquinho da visitação escolar, mas a Bienal do Livro do Rio terminou no domingo não só com bons números de público e vendas, mas também com avaliações positivas dos espaços criados especialmente para esta 14ª edição, especialmente os dois segmentos que se queria privilegiar: o feminino, o que mais consome literatura no Brasil (com o Mulher e Ponto), e o infanto-juvenil (com a Floresta de Livros).

 

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Além da gripe, que motivou o desligamento do ar condicionado dos pavilhões e a manutenção das portas durante os períodos de grande concentração de crianças, a crise econômica foi outra preocupação dos organizadores que se provou exagerada: registrou-se ligeiro aumento na renda gerada com a venda de livros, como se esperava.

 

Foram 2,45 milhões de exemplares comercializados, sendo que o aumento de 10% no chamado público espontâneo (não escolar) fez subir os lucros dos estandes - estima-se um faturamento total de R$ 51,5 milhões. Mesmo setores mais especializados comemoram crescimento. As Editoras Senac, por exemplo, computaram cerca de 5 mil exemplares vendidos em seu estande, cifra 15% superior à de 2007.

 

Uma das hipóteses para o crescimento do público espontâneo pode ser justamente a redução das excursões. Por causa da necessidade de reposição das aulas perdidas em decorrência do aumento dos casos de gripe suína, muitas escolas, principalmente entre as particulares, decidiram não mandar seus alunos à Bienal. Aí entraram os pais, que decidiram levar os filhos por conta própria.

 

Os pequenos se deram bem: divertiram-se entre as árvores e livros, físicos e virtuais, da Floresta (em que a tecnologia foi usada para atrair a geração que já nasce com e-mail). E puderam assistir à encenações e leituras em diversos estandes.

 

Novo discurso feminino

 

As mulheres que frequentaram a Bienal também gostaram de ter um espaço dedicado a tratar de temas que lhes são caros, e onde puderam ouvir de perto escritoras que leem nos jornais (Martha Medeiros, Danuza Leão) e veem na TV (Márcia Tiburi, Patrycia Travassos). Elas se sentiram prestigiadas. Nada de conversa boba de mulherzinha ou de beira de fogão, mas discussões sobre a existência ou não de uma literatura para mulheres, a história de grandes personagens brasileiras, o discurso feminino de hoje...

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"A gente estava com receio por se tratarem de espaços novos, mas deram certo. Sempre tem que ter novidade, para dar motivação para as pessoas voltarem a cada edição", comemorou Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, que também será responsável pela edição de 2011.

 

Com discussões interessantes e presença de autores relevantes de diferentes gerações (Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Marcelo Rubens Paiva, Lourenço Mutarelli), o Café Literário segue como ponto alto da feira do Riocentro. As sessões sempre cheias (algumas abarrotadas) são uma prova de que uma parte dos frequentadores quer mais é fazer valer os R$ 12 que paga para entrar, além dos R$ 12 para estacionar.

 

Novidade, o Livro Em Cena, que levou artistas como Tony Ramos e Marília Pêra para ler trechos de obras clássicas (de Machado de Assis a Clarice Lispector) - uma forma de incluir na Bienal escritores que já morreram fez sucesso. Se for mantido, ainda precisará ser aprimorado (houve dificuldades com microfones e mesmo de visualização dos atores no auditório comprido).

 

O público, no entanto, em especial o jovem, não quer só ouvir, quer também tietar seus autores preferidos. Meg Cabot, Thalita Rebouças e Bernard Cornwell que o digam - foram centenas de fotos e autógrafos, além de impulsionar um crescimento de até 30% nas vendas de suas editoras.

 

Ao fim dos 11 dias, ouvia-se nos estandes o discurso de toda Bienal: nos das grandes editoras, a estimativa era de que o movimento quase dobrou em relação a 2007; entre as pequenas, a sensação era de que os resultados poderiam ser melhores.

 

Alguns estreantes saíram mais do que satisfeitos. Como a Estante Virtual, portal que concentra o acervo de mais de 1.500 sebos de todo o Brasil e que promoveu a troca de cerca de 30 mil livros usados, com o intuito de se tornar mais conhecido. Era apenas um dos estandes com fila - a imagem era recorrente entre os corredores dos três pavilhões.

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