PUBLICIDADE

Musical ´Sassaricando´ chega para empolgar São Paulo

Com Eduardo Dussek e Soraya Ravenle no elenco, espetáculo estréia na cidade

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Está estressado? Vá ver Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha. O musical que estréia quinta-feira, 5, em São Paulo, depois de temporada de grande sucesso no Rio, além de um afago na memória dos mais velhos, é uma ducha caudalosa de bom humor e musicalidade brejeira. Todos os envolvidos no projeto têm tarimba no assunto. A direção é do expert em musicais Cláudio Botelho. A concepção, o roteiro e a pesquisa são assinados pelo escritor e jornalista Sérgio Cabral e pela historiadora Rosa Maria Araújo. Eduardo Dussek, que tem a marchinha e dois de seus melhores autores, Lamartine Babo e Braguinha, entre suas referências, encabeça o elenco, ao lado de Soraya Ravenle. Ambos já se envolveram em projetos sobre Carmen Miranda e dominam muito bem a arte de divertir cantando. Afinados com eles estão Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta, que acabam de lançar seu terceiro CD em dupla, o bem-humorado Cachaça Dá Samba. Ivana Domenico e Juliana Diniz completam o elenco e têm atuações entre emotivas e hilariantes. Em conjunto, duplas, trios e solos, eles se encarregam de interpretar mais de 90 marchinhas que foram reunidas em blocos temáticos, com direção musical e arranjos de Luis Filipe de Lima. A banda de sete músicos, que toca tudo ao vivo, inclui os cobras Henrique Cazes (cavaquinho), Beto Cazes (percussão). Os arranjos no geral são bem próximos dos originais, mas brincam até com o iê-iê-iê e funk carioca, em citações divertidas. "Eu imaginava que fosse um projeto só para o verão; e muito específico de um público cultural que vai ao centro do Rio. Não imaginava que ia tomar as proporções que tomou", diz Dussek que ficou surpreso com a reação do público paranaense quando Sassaricando foi apresentado no festival de teatro de Curitiba em maio. "As pessoas subiram no fosso da orquestra do Teatro Guaíra para dançar carnaval no meio do ano", lembra o cantor, que, quando foi convidado por Cabral e Rosa para estrelar o show tinha dúvidas se o público não cansaria de ouvir tantas marchinhas juntas. Acontece que há um enredo conduzido pelas letras das marchinhas, que é o grande achado de Sassaricando. É um histórico da crônica social carioca e brasileira pela ótica do humor, desde os anos 1920 até os 70, período áureo da marchinha. Tudo passou pelo filtro do carnaval de salão. Selecionadas entre mais de 400, as marchinhas do show mexem com tipos e preconceitos, fazem sátira política, zombam dos costumes e cantam a beleza do Rio, terminando com um grande baile cantando o próprio carnaval, com um quê de nostalgia romântica. Marchinhas O show começa com ruídos de tiroteio, sirenes, tráfego, buzinas, batida de funk-favela. É o Rio tenso lá de fora do teatro. Uma das personagens então abre o baú de lembranças, com a leitura em off de uma carta do avô, passando a ela o legado de alegria de outros carnavais. Mais adiante, quando são projetadas imagens dos grandes compositores das marchinhas - Braguinha (também conhecido como João de Barro), Lamartine, Noel Rosa, Wilson Batista, Mário Lago, Haroldo Barbosa, Ary Barroso, Zé Ketti - no telão, o público aplaude tanto que é impossível ouvir a narração. Motivos para gargalhadas há vários, mas também tem gente que chora de saudade ao ouvir Máscara Negra (Zé Ketti/Hildebrando Matos) ou Pastorinhas (João de Barro/Noel Rosa). Em alguns momentos a performance vira caricatura, mas essa também era uma das características das marchinhas. Além de grandes clássicos carnavalescos há raridades que até Dussek, um "marchinheiro" convicto, não conhecia. Gravada em estúdio, a ótima trilha sonora já saiu em CD duplo e no sábado foi gravado o DVD do musical, que deverá estar à venda em meados de agosto. A temporada carioca, que terminou ontem, teve 72 apresentações e público de 53.500 espectadores. "Sinto que o show vai além de uma memória cultural e emocional que atinge a terceira idade. Acho que acontece um reavivamento da inocência da cultura brasileira. É uma coisa que as pessoas estão carentes, porque hoje é tanta baixaria...", aponta Dussek. "E eu digo cultura brasileira porque o espetáculo pega um período em que o Rio de Janeiro era a capital do País. Então é um pouco da história do Brasil que está aí." O repórter viajou a convite da produção do show Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha. 120 min. 14 anos. Tom Brasil-Nações Unidas (1.800 lug.). R. Bragança Paulista, 1 281, 11-2163-2000. 5.ª, 21 h; 6.ª e sáb., 22 h; dom., 20 h. R$ 50 a R$ 120. Até 15/7

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.