Musical presta homenagem a Flávio Império

Uma Celebração da Vida, que estréia amanhã em São Paulo, repassa a obra do cenógrafo e suas reflexões sobre a atividade teatral

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Por Agencia Estado
Atualização:

Homenagear o cenógrafo Flávio Império por meio de um espetáculo teatral era um dos objetivos dos integrantes da Cia. Estável de Teatro ao ocupar, no fim do ano passado, o Teatro Flávio Império, situado no bairro de Cangaíba, em São Paulo. Com o projeto Amigos da Multidão o grupo venceu a concorrência pública para ocupação dos teatros distritais aberta pela Prefeitura de São Paulo. Bem-sucedidos na difícil tarefa de revitalizar o espaço, os sete atores que integram a cia. convidaram Renata Zhaneta para a direção do musical Flávio Império, uma Celebração da Vida, que estréia amanhã comemorando dez anos de inauguração do espaço. No palco, além dos atores da companhia estão cinco músicos que executam ao vivo a trilha do espetáculo. Ao elenco foram integrados alunos dos cursos que a cia. oferece - gratuitamente - no local. Assim, são 13 ao todo os atores que se revezam em vários personagens do espetáculo. "Não é uma biografia de Flávio Império, mas uma homenagem baseada nas imagens que criou no palco e nas suas reflexões sobre a atividade teatral", antecipa Renata. O ponto de partida - e o fio condutor - do espetáculo é a conversa entre um cenógrafo e o funcionário de um teatro. "Esse personagem é um cenógrafo fictício, não há uma identificação direta com Flávio Império", avisa Renata, "e esse funcionário é uma espécie de zelador". Dedicado ao seu "ofício", o funcionário reclama da "bagunça" feita pelo cenógrafo, quer impedi-lo, por exemplo, de usar "pregos", de fazer sujeira ou barulho demais. "Inicialmente, ele rejeita o cenógrafo, mas aos poucos vai acompanhando seu trabalho, começa a entender aquela atividade e acaba se incorporando à trupe." Reinaldo Maia assina o texto/roteiro do musical. O que o funcionário vai acompanhar são as tarefas impostas pela montagem de uma peça. Ou melhor, várias delas. A partir desse fio condutor, a trupe monta trechos de peças que integram o currículo do homenageado - Quem Casa Quer Casa, de Martins Pena; Os Fuzis da Senhora Carrar, de Brecht; Noel Rosa e o Poeta da Vila, de Plínio Marcos, e Patética, de João Ribeiro Xavier Neto. "Cada trecho dessas peças tem algo a ver com o pensamento teatral de Flávio Império." No lugar de reproduzir em cena os cenários criados por Império para cada uma dessas peças, a trupe optou por reproduzir "imagens" marcantes criadas por ele. Por exemplo, aqueles panos puxados por cordas - malhas tensionadas - que marcaram sua cenografia e podem ser vistos hoje até mesmo no teto do bar Spot, decorado por uma de suas assistentes, a Loira (Cecília Cerroti). "Também utilizamos o recurso de projeção de slides, com imagens de seus cenários e também fotos dele." A relação da diretora com o grupo não começa com esse espetáculo. Ela é também responsável pela concepção do infantil A Incrível Viagem, de Doc Comparato, atualmente em cartaz no teatro - e foi professora de alguns do atores da companhia, todos na faixa dos 20 anos. Essa juventude é um dos méritos do grupo - o que falta em experiência sobra em energia e idealismo -, essa coisa meio fora de moda. "Eles têm muita garra e é maravilhoso ver quanto estão conseguindo envolver a comunidade e revitalizar esse teatro. Há filas de espera para os cursos que oferecem", comenta Renata Zanetha. E foi justamente por meio de um desses cursos que começou seu envolvimento com o projeto. Ela foi convidada para dar uma oficina de interpretação por Nei Gomes, um dos fundadores do grupo, responsável pela oficina de técnicas circenses. "Os atores da Cia. Estável de Teatro são muito bem preparados em técnicas circenses - trapézio, corda indiana - e isso foi aproveitado na linguagem do espetáculo - que está muito bonito."

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