Musical infantil aborda deficiência física com delicadeza

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Por Agencia Estado
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Babi é uma borboleta diferente: ao nascer sem asas, é destratada pelas outras, que voam até o lago, deixando-na com vontade de acompanhá-las. Ao tentar seguir por terra, ela vai conhecendo outros bichinhos, que também nasceram com algumas diferenças, como uma libélula muda e um vagalume cego. "Aos poucos, Babi cria confiança em si, quebrando preconceitos e aprendendo a lidar e a respeitar os limites de cada um", comenta Fezu Duarte, uma das diretoras de "A Borboleta sem Asas", musical infantil que estréia sábado, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com a tarefa de tratar a deficiência física de forma delicada. A solução encontrada foi ambientar a história em um grande jardim, onde animais distintos buscam viver em harmonia. Assim, à medida que segue em direção ao lago, Babi conhece o caramujo Magnólio, a abelha Abel, a centopéia Cidão e o vaga-lume Lamparino, entre outros, cada um com sua particularidade. E, com todos, ela vai descobrindo as diferenças entre os seres, sejam físicas, sociais ou raciais. O trabalho de criação passou por muitas mãos até chegar ao formato atual. Começou há seis anos, quando o cartunista César Cavelagna teve a idéia da peça, transformada em argumento por Marcos Okura. Dispostos a dar um tratamento profissional, eles buscaram ajuda do dramaturgo Carlos Alberto Soffredini. Ele chegou a fazer uma sinopse, mas morreu no ano passado, antes de dar o contorno final. Okura e o ator Marcos Ferraz terminaram o texto. "A montagem também homenageia o Soffredini", conta Fezu, que divide a direção com o mesmo Okura e Fábio Ock. A intenção do trio foi conferir um ritmo acelerado à montagem, seguindo a linguagem dos quadrinhos e das animações. "Tomamos o cuidado para o musical não ficar infantilizado, pois a criança de hoje convive bem com a tecnologia e domina com facilidade instrumentos com o a Internet", comenta Fezu. Assim, o cenário, criado por Vera Oliveira, é baseado em um jardim com diversos brinquedos típicos de um parque de diversões. Num telão, são projetadas cenas como a de um enorme pé. "É para não esquecerem que a história se passa entre seres menores que os homens", lembra Fezu. Outro cuidado foi tratar a deficiência física de forma delicada. O que ajudou foi a experiência de Fezu e de parte da equipe no trabalho voluntário no Teletom, programa de televisão que anualmente arrecada fundos para a construção de centros de reabilitação da AACD. Durante a temporada do musical, o psicólogo Fernando Cordovio vai orientar professores para que promovam jogos que ajudem no trato do tema. Por enquanto, estão sendo vendidas sessões fechadas para escolas. Com um projeto orçado em R$ 280 mil, Borboleta sem Asas é a quarta montagem assinada pelo TBC (as anteriores foram Saltimbancos, Gota D´Água e Ópera do Malandro, de Chico Buarque) e apresenta um elenco de fixo de 11 atores, que interpretam as dez músicas especialmente compostas para o espetáculo. A próxima meta é criar, no ano que vem, um horário para peças destinadas aos adolescentes. "Poderá ser às 17 horas e pretendemos ocupar todas as salas do TBC", disse Fezu. A Borboleta sem Asas. Sábado e domingo, às 16 horas. R$ 7,50 (estudantes) e R$ 15,00. TBC - Sala TBC. Rua Major Diogo, 315, São Paulo, tel. 3115-4622. Até 4/8. Estréia prevista para sábado.

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