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Museus de Paris fecham em protesto contra cortes nas despesas

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Por Redação
Atualização:

Por Sophie Hardach

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PARIS (Reuters Life!) - Os museus mais importantes de Paris ficaram fechados nesta quarta-feira, e a Mona Lisa manteve seus fãs esperando, enquanto os funcionários dos museus fizeram greve em protesto contra cortes nos custos que veem como ameaça a obras de arte de valor inestimável.

Museus como o Louvre, que abriga a Mona Lisa como atração principal de um acervo que abrange milênios, ajudam a fazer da França o mais importante destino turístico do mundo. Mas seus funcionários dizem que cortes de vagas de trabalho e a redução de subsídios estão colocando esse status em perigo.

"Quanto menos funcionários, maior o risco de o museu abrir sob condições inaceitáveis em termos de segurança, quer seja para as obras de arte, para os visitantes ou para o prédio", disse Didier Alaime, porta-voz do departamento de cultura da confederação sindical CGT.

O Louvre abriu com mais de uma hora de atraso, depois de trabalhadores se reunirem sob sua famosa pirâmide de vidro para discutir as opções de greve. O Musée d'Orsay, que abriga a tela "Olympia", de Edouard Manet, algumas das mais belas paisagens de Vincent Van Gogh e sala após sala de pinturas impressionistas banhadas pelo sol, fechou para o dia inteiro.

Seus funcionários vão se reunir na manhã de quinta-feira para decidir sobre ações a tomar, depois de conversações marcadas para esta quarta-feira com o ministro da Cultura, Frederic Mitterrand.

O museu Rodin, com suas esculturas de amantes abraçados, e o futurista Centro Pompidou, que lidera o movimento de protesto e está fechado desde a semana passada, também ficaram fechados.

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O governo francês está restruturando seu setor de cultura como parte de uma campanha mais ampla de cortes orçamentários, argumentando que está aprimorando a qualidade e ao mesmo tempo cortando custos, graças a auditorias e outras iniciativas.

Os funcionários sindicalizados estão especialmente revoltados pelo plano do governo de preencher apenas metade das vagas que eram de funcionários que se aposentaram. Eles também se queixam de que a ênfase crescente sobre custos e vendas de ingressos vem ganhando prioridade sobre o valor cultural como medida de sucesso.

"Hoje temos que nos indagar se é o caso de fazer apenas exposições comercialmente bem-sucedidas, em lugar de mostras que talvez sejam mais complicadas e atraiam uma faixa de público mais estreita", disse Alaime.

O turismo é responsável por cerca de 6 por cento do PIB francês. Mas as perspectivas para o turismo são fracas este ano, já que a crise vem levando europeus, americanos e japoneses a não deixar seus países.

Os museus franceses exercem papel crucial na atração de turistas. Cerca de 80 milhões de pessoas visitaram a França no ano passado; o Louvre, sozinho, recebe 6 milhões de visitantes por ano.

Sindicalistas vêm se queixando que, antes mesmo das novas medidas, muitos museus já estavam sendo obrigados a fechar salas e expor menos obras, devido à falta de pessoal.

(Reportagem adicional de Laurent Hamida)

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