Museu exibe pergaminhos do Mar Morto no Rio

Expostos no Museu Histórico Naciona, os manuscritos foram achados em 11 cavernas do deserto de Qumran, enterrados entre 200 a.C. e 70 da nossa era, segundo testes arqueológicos

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Por Agencia Estado
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Descobertos a partir de 1947 no atual território de Israel, os Pergaminhos do Mar Morto, que teriam originado parte do Antigo Testamento, começam a ser conhecidos de perto pelos brasileiros hoje, quando o Museu Histórico Nacional abre sua exposição ao público. Quem visitá-la poderá ver a importância histórica dos textos (base do judaísmo, do cristianismo e do islamismo) e a região onde foram achados, uma das mais inóspitas do mundo, o que ajudou a conservá-los devido à baixa umidade (inferior a 50%) e ao calor (entre 30º e 35º). São dez pergaminhos (três originais e sete réplicas), 80 objetos e traduções que permitem comparar os manuscritos com textos bíblicos. Os manuscritos foram achados em 11 cavernas do deserto de Qumran. Segundo testes arqueológicos, foram enterrados entre 200 a.C. e 70 da nossa era, pelos essênios, uma seita judaica à qual Jesus Cristo, supostamente, teria pertencido, segundo alguns estudiosos. Entre os 800 textos encontrados, há os que constam da Bíblia judaica (que corresponde ao Antigo Testamento cristão), outros apócrifos, contando passagens bíblicas, mas não considerados de inspiração divina, e sectários, com normas de conduta da seita. ?Os essênios são o elo entre judeus e cristãos, pois eram do primeiro grupo, mas tinham rituais e normas diferentes, adotados pelos seguidores de Cristo. Eles devem ter enterrado esses pergaminhos acossados pelos romanos que acabaram por destruir o país. Até hoje, os objetos sagrados judaicos são enterrados para evitar sua posse por infiéis?, explica o produtor da mostra, Luiz Calina. ?Os mais antigos e depositados mais longe do assentamento estão em melhor estado, porque foram envolvidos em tecido e colocados em vasos de cerâmica. Os mais próximos e recentes foram simplesmente enterrados.? A exposição começa com a paisagem de Qumran reproduzida em posters e objetos cotidianos da população local da época dos manuscritos. Para chegar a eles, o visitante atravessará uma réplica das cavernas onde foram encontrados. Em vitrines, estão partes dos livros do Êxodus, Deuteronômio, Isaías e Levíticos, Salmos e Profetas (esses três originais), um calendário essênio, que é solar, como o nosso, e não lunar, como o judaico, e salmos sectários. ?Todos são poéticos, metafóricos, num estilo literário religioso?, informa Andrea, mulher de Calina e sócia na empreitada de trazer os manuscritos ao Brasil. A mostra Pergaminhos do Mar Morto: Um Legado Para a Humanidade fica no Rio até 9 de outubro e, a partir de 29, vai para a Pinacoteca, de São Paulo. Calina e Andrea calculam que o público nas duas cidades ultrapasse as mostras de Picasso e dos guerreiros chineses, pela conotação religiosa dos manuscritos. ?Nossa intenção é mostrar que judaísmo, cristianismo e islamismo têm origens e características próximas e podem chegar ao consenso?, disse Andrea. A diretora do MHN, Vera Tostes, conta que, a partir do anúncio da mostra, surgiu todo tipo de pedidos de visita. ?Há escolas confessionais e leigas, grupos de estudos bíblicos e até um senhor que tem uma Bíblia antiga, que quer comparar o texto impresso nela com o dos pergaminhos?, diz ela. ?Na medida do possível, atenderemos a todos.? Pergaminhos do Mar Morto: Um Legado Para a Humanidade - Pça Marechal Âncora, s/n, 21- 2550-9256

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