Museu devolve obras a família judia

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Por EFE e BERLIM
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A Fundação do Patrimônio Cultural da Prússia anunciou ontem a devolução de quatro obras de Edvard Munch e Ernst Ludwig Kirchner aos herdeiros do proprietário original das telas, obrigado a deixar a Alemanha para fugir da perseguição nazista.Trata-se de um conjunto de obras gráficas, formado pela gravura em metal Menina na Praia, a xilogravura Oração de Um Homem Velho, e a água-forte A Morte e A Mulher, criadas pelo norueguês Munch, e pela xilogravura Conversação Campesina, do expressionista alemão Kirchner. Os trabalhos pertenciam até agora à coleção de gravuras e desenhos do museu Kupferstichkabinett de Berlim.O dono original das obras, o médico, historiador e crítico Curt Glaser, era um conhecido colecionador judeu, que trabalhou para museus de Berlim entre 1909 e 1927, ano em que assumiu a direção da Biblioteca Estatal de Arte da capital alemã. Glaser tornou-se amigo e mecenas de Edward Munch (1863-1944), tendo sido, inclusive, fundamental para que importantes gravuras e desenhos do artista entrassem para o acervo do Kupferstichkabinett. Com a chegada do partido nacional-socialista ao poder na Alemanha, o médico começou a ser perseguido por sua origem judaica.Em 1933, já destituído de seu cargo na Biblioteca Estatal de Arte, Curt Glaser previa que teria seria forçosamente expulso da Alemanha. No mesmo ano, ele e sua mulher, também judia, exilaram-se com escalas na França, Suíça, Itália e Cuba até o casal estabelecer-se nos EUA. O historiador e colecionador morreu em Lake Placid, Nova York, em 1943.Entretanto, antes de abandonar a Alemanha, Glaser colocou em leilão uma grande parte de sua grande coleção de arte e gravuras, de seu mobiliário e de sua biblioteca de arte. Em seu exílio, levou consigo uma pequena parte de seus pertences. Em um desses leilões, o Kupferstichkabinett adquiriu seis obras gráficas de Munch, sendo que outras cinco criações do artista e pertencentes à coleção de Glaser foram doadas ao museu berlinense na ocasião. A identidade do doador das gravuras não foi revelada.A Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano e os herdeiros de Curt Glaser chegaram a um acordo depois de um amplo estudo histórico sobre o caso, entre as histórias de restituição de obras de vítimas da perseguição nazista. Trata-se, segundo comunicado da instituição, de uma "solução justa" levando-se em conta os princípios da Conferência de Washington de 1988 sobre arte confiscada pelo nazismo.

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