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Museu da Casa do Pontal expõe acervo em livro

Um das maiores coleções de arte popular do Brasil ganha registro em livro da editora Mauad, com texto e análises críticas da antropóloga Angela Mascelani

Por Agencia Estado
Atualização:

O melhor do Museu da Casa do Pontal, uma das maiores coleções de arte popular do Brasil, está reunido no livro que acaba de sair pela editora Mauad, com texto e análises críticas da antropóloga Angela Mascelani, especialista no tema e diretora de Comunicação da instituição. "Nosso último livro saiu em 1993 e as pessoas que nos visitam solicitam uma publicação sobre nosso acervo. Além disso, houve muitas publicações nos anos 70, mas depois o assunto parece ter sido deixado de lado", justifica Angela. Além de fotografar as peças principais, ela escreveu uma biografia dos artistas mais importantes e dividiu o acervo por temas abordados. Angela é nora do fundador do museu, o designer francês Jacques Van de Beuque, que chegou ao Brasil nos anos 50, viajou o País montando exposições e comprando a produção dos artistas populares. Já nos anos 60, expunha sua coleção para amigos, que lhe chamaram a atenção para sua importância. "Nos anos 70, quando a companhia de Furnas desapropriou a casa dele em Botafogo, na zona sul do Rio, meu pai comprou um sítio na Prainha, na época zona rural, para acolher e expor sua coleção", conta Guy Van de Beuque, filho de Jacques. "Hoje, o museu está consolidado e nosso próximo trabalho é dar-lhe condições se sustentação e crescimento." A coleção tem cerca de 8.000 peças e exemplares de artistas como o pernambucano Adailton Lopes, que fazia entalhe em madeira, e o mineiro Antônio de Oliveira, que reproduzia em miniatura cenas de sua cidade natal, Belmiro Braga, no interior de Minas, e acontecimentos históricos, como a Primeira Missa ou o Grito do Ipiranga. Os Van de Beuque - pai e filho, pois este continua a adquirir peças - reuniram peças de 24 Estados, com as temáticas mais variadas. "Ao contrário da idéia corrente, o artista popular não se prende a um só tema e absorve os assuntos e materiais contemporâneos. Na maior parte das vezes, eles têm outra profissão para manter a família e nenhum ou pouco estudo formal, mas tentam compensar essa falta de informação através de sua arte." Às vezes, o artista torna-se valorizado no mercado, como o ceramista cearense Nuno, mas normalmente sua fama é restrita à região onde ele vive, mas sempre encontra continuadores. Segundo Angela, o fato de as populações estarem se transferindo das áreas rurais para a periferia dos centros urbanos não deprecia a criatividade desses artistas. "Eles sempre estiveram em contato com a modernidade, passaram a refletir as histórias que vivem nesse novo meio, mas a essência de seu trabalho permanece", diz ela. Hoje, o Museu da Casa do Pontal é uma referência turística e antropológica não só no Brasil, mas em todo o mundo, pelo tamanho e organização de seu acervo. No entanto, só agora o carioca começa a descobri-lo, mesmo assim por influência de turistas nacionais e estrangeiros. "Temos uma visitação escolar de cerca de 2.000 mil crianças por mês, que assistem a uma dramatização sobre arte popular e sempre pedem para voltar", comenta Angela. "Mas o adulto que nos visita geralmente tem o mesmo perfil. É alguém que mora fora do Rio ou do Brasil, trazido por um carioca que não viria aqui sem ele. Por isso, nossa visitação cresce muito na época de férias do Hemisfério Norte. E também porque estamos em quase todos os catálogos internacionais e nacionais de museus."

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