Municipal terá cinco Óperas

O maestro Abel Rocha, que estreia como diretor em concerto no domingo, adianta planos para 2011

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Por João Luiz Sampaio
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O Teatro Municipal, fechado para reformas desde 2009, estará pronto para produzir a partir de agosto e deverá exibir cinco montagens de ópera até o fim do ano. Quem garante é o maestro Abel Rocha, há um mês no posto de diretor artístico do teatro. Ele, no entanto, não quis precisar a data de reabertura do teatro. Rocha conversou na noite de quarta com o Estado; e, no domingo, na Sala São Paulo, faz sua estreia à frente da Sinfônica Municipal interpretando obras como as Quatro Últimas Canções, de Strauss (com a soprano Eiko Senda), e a Missa de Glória, de Puccini.Como foi a escolha de repertório deste primeiro concerto. Qual a mensagem por trás dele?Uma das nossas primeiras decisões foi reconhecer que a Sala Olido não podia mais ser a sede da orquestra, não havia condições dignas de se apresentar ali. E, na hora de pensar o repertório, há algumas questões. Primeiro, uma maior participação do Coral Lírico. Em segundo lugar, ainda que a Sala São Paulo seja um palco sinfônico, é hora de assumirmos que a Municipal é uma orquestra de ópera e precisa manter relação com esse repertório. Não é hora de tocarmos Beethoven. Por que não trazer o lado sinfônico de autores como Wagner, Puccini, Strauss?Um mês depois de sua posse, qual o estado do Municipal?O Municipal vive momento delicado. Ficou fechado e perdeu a rotina de trabalho que havia conquistado. E não apenas a rotina de trabalho artístico, perdeu também a rotina administrativa, a rotina de produção técnica. É hora de recriar essa rotina. E sabemos que a estrutura pública não é ágil, há uma lerdeza gigantesca que atrapalha. É claro que se este não fosse um teatro público, não estaria fazendo 100 anos, Mas ele precisa mudar de identidade e um passo importante é a transformação em fundação, Mas para isso é necessário apoio político.Os corpos estáveis ficaram parados, a reforma ainda está em andamento, a burocracia impede planejamento a longo prazo. O que é possível, em termos concretos, fazer neste momento dentro do Teatro Municipal?Não se trata mais do que é possível mas, sim, do que vai ser feito. O Municipal, a partir de agosto, vai produzir cinco óperas, uma por mês. Em breve vamos divulgar a temporada completa. Não quero te dar datas, pois, uma vez entregue o prédio, não podemos achar que dá para montar uma ópera na semana seguinte, a equipe toda precisa ser treinada. Mas estaremos prontos para produzir a partir de agosto. E vamos honrar compromissos institucionais com outros teatros. Veja, quando assumi, foi numa situação difícil, com tudo acontecendo de uma vez só. Teria sido ótimo dizer: parem tudo durante dois meses e vamos começar de novo. Mas quis honrar os compromissos assumidos com instituições, artistas, ainda que fosse preciso mudar uma ou outra coisa. O senhor disse que não haveria cancelamentos na programação, mas algumas apresentações não aconteceram. Por quê?Eu mantive todas as parcerias institucionais. Honramos os concertos programados no Sesc, por exemplo. O concerto dedicado ao compositor Edmundo Villani-Cortes foi cancelado, mas no domingo já tocamos o seu concerto para piano no Auditório Ibirapuera e vamos fazer ainda este ano o Te Deum, tudo isso em condições muito melhores do que as oferecidas pela Sala Olido. E quando uma direção sai, ainda mais abandonando coisas pela metade, você precisa mexer, repensar algumas coisas. Insisto: o que estava formalmente contratado foi cumprido; no mais, é natural que uma nova direção artística faça novas escolhas.O senhor fala em cinco óperas. Quais são os títulos escolhidos?O anúncio dos títulos será feito oportunamente. Mas posso dizer que teremos uma ópera italiana, uma brasileira, uma francesa, uma alemã e uma opereta. A cidade merece essa opção diversificada, diferenciada, e o Municipal tem de oferecê-la.Praticamente parados durante dois anos, grupos como a Sinfônica Municipal perderam em qualidade e autoestima. Como resolver essa questão? Isso só vai mudar quando os músicos forem exigidos e se sentirem honrados por um novo repertório, que os desafie e os permita mostrar seus trabalhos. Sair da Sala Olido, palco inadequado para um grupo como esse, foi importante. É um bom palco para concertos didáticos, por exemplo, mas a orquestra precisava de um palco adequado para que pudesse se apresentar perante o público com repertório que a prepare para a sua vocação verdadeira, as grandes óperas. É isso que devolve a autoestima, a musicalidade e a técnica a um grupo.ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPALSala São Paulo. Praça Julio Prestes, 16, 3223-3966.Domingo, às 17 h. Grátis.

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