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Municipal do Rio estréia "Copélia" em SP

Pela primeira vez, a companhia carioca fará um estréia na capital paulista. A montagem dirigida e adaptada por Mollajoli teve Denis Gray como ensaiador

Por Agencia Estado
Atualização:

Denis Gray é uma figura, que merece atenção. Participou de todas as montagens do balé Copélia realizadas pelo Balé do Teatro Municipal do Rio. Ele conta como foram os ensaios e os preparativos para a versão que estréia no Municipal de São Paulo, em curta temporada, com apresentações quarta e quinta. A coreografia marca o intercâmbio entre os corpos estáveis do Rio e de São Paulo. Gray começou sua carreira como ator, mas foi obrigado a parar por um problema sério nas cordas vocais. A dramaticidade o ajudou na carreira de bailarino, iniciada aos 17 anos, ao lado da mestra Tatiana Lescova, no Teatro Phoenix, em 1949. "A primeira vez que dancei o Dr. Coppellius, fiz o papel sem ter noção daquilo que estava representando. O segundo ato exige força dramática, me adaptei muito bem ao papel e sempre atuei com o balé", diz. Para essa apresentação, Gray atua apenas como ensaiador. Uma ponte de safena, feita há um ano, o tirou dos palcos. "Eu me sinto muito bem, mas os médicos são implicantes, não querem que eu me esforce. Cada vez que assisto ao ensaio completo fico emocionado, esse balé faz parte da minha vida. Participei dos ensaios e cuidei passo a passo dos meninos. Falei sobre o que é necessário para o papel, como técnicas de teatro, além das de dança. Eles estão em perfeita harmonia e adaptados às diferenças de palco." Na concepção do ensaiador, Ana Botafogo é uma artista completa. "Ela domina com perfeição a técnica do balé, ao mesmo tempo que sabe interpretar o papel que está vivendo naquele momento." E ainda rasga elogios a Roberta Marques, que no início do ano passou a ocupar o posto de primeira-bailarina. "Roberta não tem a experiência de Ana, precisa trabalhar mais a representação, mas, quando calça as sapatilhas, é um verdadeiro fenômeno." E brinca: "Confesso que estou com muita inveja dos bailarinos e de não poder dançar ao lado deles. Estarei em São Paulo e no Rio, quem sabe se no último minuto as coisas mudam e eu entro." Parceria - Mais que um belo balé, a apresentação de Copélia marca um intercâmbio entre os corpos estáveis do Teatro Municipal de São Paulo e do Rio. Pela primeira vez, a companhia carioca fará um estréia na capital paulista. "O namoro para essa parceria começou há um ano, quando Dalau Achcar estava na direção do teatro. A idéia de realizar um intercâmbio e executar produções conjuntas é antiga, ganhou força, mas por causa das alterações sofridas por conta da mudança de governo, tivemos de fazer algumas adaptações", explica a diretora do Teatro Municipal de São Paulo, Lucia Camargo. A coreografia programada para esta temporada seria Dom Quixote, mas por causa dos cortes orçamentários, a solução foi a escolha de Copélia. "O único balé clássico completo que tínhamos disponível em nosso acervo é Copélia. Nosso orçamento não permitiria uma outra produção", diz o diretor do Balé, Gustavo Mollajoli. O mesmo ocorreu com a ópera Gioconda, que foi substituída por Madama Butterfly. Coreografia - A montagem dirigida e adaptada por Mollajoli foi elaborada em três atos de acordo com a versão de Enrique Martinez criada especialmente para o American Ballet Theater. Conta, ainda, com a trilha sonora do francês Léo Delibes e figurino de José Varona. A apresentação respeita a montagem original, baseada em Der Sandmann, um conhecido conto de Hoffmann. O conto de fadas fala de um certo Dr. Coppellius, que fabrica com esmero a boneca Copélia. Deixa-a em uma janela e o jovem Franz ao avistá-la se apaixona, fato que desperta ciúmes de sua noiva, a bela Swanilda. Sucedem momentos de muita confusão até o final feliz, com o casamento de Franz e sua noiva ciumenta. A história foi dançada pela primeira vez no Brasil em 1918, com a Companhia de Anna Pavlova. Na década de 50, Tatiana Leskova criou uma nova versão. A Copélia atual subiu aos palcos pela primeira vez no Rio em 1981 e foi remontada em 1982, 1984, 1990 e em 1993. Serviço - Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Quarta-feira, às 20h30; quinta-feira, às 15 e às 20h30. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, São Paulo, tel. 222-8698

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