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Multishow cria acervo do teatro brasileiro

O projeto de registrar os bastidores de cinco peças teatrais por trimestre, começa com Estórias Roubadas, com Beatriz Segall, e Uma Noite na Lua, com Marco Nanini. A idéia é mostrar desde as primeiras leituras, ensaios, depoimentos de elenco, diretor e equipe técnica até a noite de estréia

Por Agencia Estado
Atualização:

Há cerca de dois anos o canal Multishow da Globosat vem freqüentando os bastidores do teatro brasileiro. Estórias Roubadas, com Beatriz Segall, e Uma Noite na Lua, com Marco Nanini, estão entre as montagens cujo processo de criação foi acompanhado por uma equipe de reportagem do canal desde a primeira leitura até a noite de estréia. No formato de making of, as imagens foram exibidas no Multishow em Revista. A boa aceitação da programação voltada para as artes cênicas - confirmada nas pesquisas de audiência - estimulou a criação do Projeto Multishow de Incentivo ao Teatro e do programa Quarta Parede, espécie de reedição contemporânea dos teleteatros, que começa a ser exibido no dia 7. "Queremos sedimentar e sistematizar uma iniciativa até agora baseada na vontade de apoiar o teatro", afirma o crítico de cinema Wilson Cunha, diretor dos canais Multishow e Brasil. Segundo os cálculos de Cunha, o investimento na programação teatral será de R$ 1 milhão. O projeto prevê, antes de mais nada, a cobertura de todos os passos da criação de cinco espetáculos teatrais por trimestre: primeiras leituras, ensaios, depoimentos de elenco, diretor e equipe técnica até a noite de estréia. A diferença dessa iniciativa com relação ao making of está na exibição de cada um desses passos no decorrer do processo. "Será um pré-lançamento do espetáculo, com várias reportagens sendo exibidas ao longo de sua preparação não só no Multishow em Revista como no Multishow News", explica Cunha. "Tudo isso culmina na exibição do making of, uma edição de todo esse material." O Multishow vai ainda liberar o material em vídeo para a equipe de produção do espetáculo, que poderá utilizá-lo para inscrever-se em festivais ou ainda para exibição em outros canais de televisão. "Não são todas as emissoras que dispõem de muitas equipes. Como ocorre na mídia impressa, facilita muito a cobertura se a produção enviar boas imagens." Cunha não teme o boicote de emissoras concorrentes e ressalta ser comum a prática de exibição desse tipo de material com a legenda "imagens cedidas pelo Multishow" em outros canais. "A idéia é ceder ao grupo fitas de vídeo promocionais de três e cinco minutos.´ Outro avanço do projeto está na forma de seleção dos espetáculos. "Até agora isso era feito de maneira muito informal", observa Cunha. A partir de hoje, projetos teatrais podem ser encaminhados ao Departamento de Marketing do Multishow ou pelo e-mail: marketingmultishow@globosat.com.br. "Vamos criar um pequeno júri, de três ou quatro pessoas, nada muito formal, porém integrado por gente ligada à área." A idéia é apostar no equilíbrio entre o já consagrado - "afinal, no Brasil, até Fernanda Montenegro precisa correr atrás de apoios" - e na renovação de qualidade. O mesmo desejo de realizar uma parceria consistente com o teatro estimulou a criação do programa Quarta Parede que começa exibindo vídeos baseados em quatro espetáculos teatrais, todas as quintas-feiras do mês de dezembro: O Inimigo do Povo, no dia 7; Diário de um Louco, no dia 14; Salve Amizade!, no dia 21, os três dirigidos por Marco Altberg, e Da Gaivota, no dia 28, sob direção de Mary Stockler. "Existe uma dificuldade muito grande de combinar as linguagens do teatro e do vídeo", admite Cunha. "Foram poucas as tentativas bem-sucedidas de transpor essa barreira de linguagens e nem sei se a nossa será ou não frustrada, mas vamos continuar tentando." Embora cada um dos programas misture cenas das peças com cenas de ensaio, depoimentos do diretor, do elenco e da equipe técnicas, Cunha garante que eles se diferenciam do making of. A distinção começa pelo enfoque, não mais jornalístico, porém artístico. Ou seja, não há mais uma câmara distanciada, mas o olhar de um diretor, preocupado em criar uma outra obra ainda que seu "cerne" seja o espetáculo teatral. "A idéia é informar e formar. É ajudar o espectador a penetrar no mistério da criação. Além disso, num país acusado de não ter memória, estamos criando um bom acervo de imagens do teatro brasileiro."

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