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MPB4, Ivan Lins e Toquinho fazem grande encontro no Rio

Show 50 anos de música reúne sucessos, improvisação e causos

Por Roberta Pennafort/RIO
Atualização:

RIO - O Brasil conheceu o jovem paulistano Toquinho e seu violão por volta de 1965. As vozes do MPB4 já eram ouvidas desde 1962, em Niterói. Em 1968, o pianista e compositor carioca Ivan Lins participou de seu primeiro festival, para nunca mais parar. No show 50 anos de música, que eles vêm fazendo juntos pelo Brasil, e que chega neste sábado ao Metropolitan, a aposta é num público comum, fã do virtuosismo de Toquinho, das harmonias e melodias de Ivan, da precisão vocal do MPB4, e em seus hits incontornáveis. O repertório tem Aquarela, Tarde em Itapoã, Samba de Orly, Que maravilha, Amigo é pra essas coisas, Roda Viva, Iolanda, Apesar de você, Começar de Novo, Abre alas, Madalena e Vitoriosa.

Toquinho já havia feito shows com Ivan, de violão e piano, e com o MPB4, com banda, em comemoração dos 40 anos de carreira dos dois lados. A sucesso fez surgir a ideia da grande reunião. “Gosto dessas parcerias, já fiz com João Bosco também. A música vem sempre depois da amizade, foi assim com Vinicius (de Moraes), Chico (Buarque) e outros parceiros”, diz Toquinho, que preza pelo caráter descompromissado do encontro. “A atmosfera é coloquial, de improvisação. Tem muita música, muita história, mas também muita vagabundagem, muita curtição e pouco ensaio. Como dizia Marcello Mastroianni, ser ator é um grande sacrifício, mas é muito melhor do que trabalhar. Ser músico também”.

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O violonista, que lançou o primeiro disco, instrumental, O violão de Toquinho, aos 20 anos, em 1966, até hoje pratica exaustivamente em casa. “Estudo todos os dias, tenho sempre que tocar melhor do que no dia anterior. É como se eu estivesse começando agora. Não me atenho a sucessos e a eventuais fracassos, a tempo ou a conquistas. Nem ligo para comemorações.”

São 25 minutos para cada bloco individual e números conjuntos no palco. Ao fim, todos se reúnem. “São 150 anos de música! É uma cantoria geral, as pessoas saem roucas”, diz Ivan Lins, para quem “o público é basicamente o mesmo”.

“Eu vim um pouquinho depois do que eles, mas considero que são todos quase da mesma geração. Hoje, parece que a gente se conhecia desde aquela época, porque há uma sensação de familiaridade. As músicas casam maravilhosamente bem, são de um tempo de poesia em alta: eu com Ronaldo (Monteiro de Souza) e Vitor (Martins), Toquinho, com Vinicius”.

Para o MPB4, também é época de comemoração de 50 anos de carreira. Miltinho, incumbido dos arranjos vocais, com Paulo Malagutti (voz, teclado e percussão), depois da morte de Magro (1943-2012), conta que o grupo quase se dissolveu com a perda. “Quando o Ruy saiu (em 2007), foi muito difícil comemorar os 40 anos de carreira. Depois foi a morte do Magro... Mas ele queria que continuássemos, então nos forçamos a tocar pra frente. Temos orgulho muito grande da nossa história, modéstia à parte”.

A conclusão do show é com Novo Tempo (Ivan/Vitor), lançada originalmente em 1980 e um clamor por boas novas nesse momento de ebulição política no País. Crescidos, atentos e mais vivos, eles rememoram suas trajetórias com música e bate-papo com o público. As três estão calcadas na consistência e constância do repertório - Toquinho compôs cerca de 400 canções, Ivan lançou mais de 40 discos, o MPB4 se firmou como o mais importante grupo vocal brasileiro da segunda metade do século 20.

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“Tivemos sorte de aparecer num momento bom da música brasileira, e nossa obra foi eternizada. O show é um happening! Recomendo que o público faça gargarejo antes de sair de casa”, brinca Ivan.

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