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Motorista que transportou assaltantes de museu é preso

A Polícia Federal está convencida de que, ao invés de ser uma vítima dos bandidos, Reis faria parte da quadrilha. "A posição dele é de altíssima suspeita e a prisão foi inevitável", afirmou o delegado federal Deuler Rocha

Por Agencia Estado
Atualização:

Motorista da Kombi que transportou os ladrões antes e depois do assalto ao museu Chácara do Céu, em Santa Teresa, centro, na sexta-feira do carnaval, Paulo Gessé Ferreira dos Reis, de 39 anos, foi preso nesta segunda-feira, 6. A Polícia Federal está convencida de que, ao invés de ser uma vítima dos bandidos, Reis faria parte da quadrilha. "A posição dele é de altíssima suspeita e a prisão foi inevitável", afirmou o delegado federal Deuler Rocha. No assalto, quatro quadros foram roubados por homens armados: um de Pablo Picasso, um de Henri Matisse, um de Salvador Dali e outro de Claude Monet. A polícia localizou restos das molduras, incineradas em uma fogueira na favela do Morro dos Prazeres, também em Santa Teresa, na última quinta-feira. Mas o destino das telas ainda é um mistério. O Matisse chegou a ser oferecido em um site de leilões virtuais da Bielo-Rússia. O lance mínimo era de US$ 13 milhões. Preso em casa O motorista foi preso em casa, no mesmo bairro onde fica o museu. Levado à superintendência da PF, Reis manteve silêncio, preferindo falar apenas em juízo. Em seguida, foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML), onde passaria por exame de corpo de delito. De lá, iria para a Polinter. Para o delegado, a primeira versão apresentada por Reis, segundo a qual ele foi obrigado sob a mira de armas a transportar os ladrões, é "inverossímil". Rocha contou que, segundo testemunhas, os bancos da Kombi foram removidos antes de Reis ser abordado pelos criminosos. A polícia acredita que isso foi feito para facilitar o transporte dos quadros roubados. Outra testemunha disse que o motorista, após levar os ladrões ao museu, esperou sozinho pela volta do bando, em vez de fugir ou chamar a polícia. Teria havido também contradições no primeiro depoimento de Reis. O advogado do motorista, Eduardo Marzollo, disse ter ficado surpreso com a prisão de seu cliente. Ele argumentou que Reis compareceu espontaneamente à polícia no dia seguinte ao crime, tem endereço fixo e trabalho lícito. "Ele é vítima desses bandidos." Sobre o fato de o motorista só ter se apresentado no sábado, depois de localizado pela polícia, Marzollo afirmou que Reis se omitiu porque foi ameaçado pela quadrilha de assaltantes. "Isso é muito comum, os bandidos se servem de taxistas, de lotações", disse o advogado, que vai pedir a revogação da prisão.

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