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Mostra revê a obra de Victor Dubugras

O francês que projetou a Ladeira da Memória, considerado um dos primeiros arquitetos protomodernos no Brasil, é tema de exposição no Conjunto Nacional

Por Agencia Estado
Atualização:

Como maneira de resgatar a obra do arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933), foi montada uma exposição que pode ser visitada pelo público a partir de amanhã no Conjunto Nacional, em São Paulo. Quota de Arte - Victor Dubugras - Precursor do Modernismo é uma mostra com desenhos e registros fotográficos de algumas construções do arquiteto reconhecido por introduzir, no início do século passado, em São Paulo e nas diversas cidades por onde idealizou suas obras, uma arquitetura racionalista, de concreto armado, enquanto os mais clássicos ainda utilizavam pedras. Estruturas de ferro, aço, concreto e vidro estavam muito mais em sintonia com o processo de industrialização pelo qual passava a São Paulo do começo dos anos 1900. A cidade crescia, recebia imigrantes e uma arquitetura moderna, discreta, de linhas simples se adequava mais a essa sociedade industrial daquele período. "Victor Dubugras é considerado um dos primeiros arquitetos protomodernos do Brasil e, quem sabe, da América Latina. Ele é o melhor exemplo da mudança de uma arquitetura clássica para a moderna no Brasil", afirma o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, Nestor Goulart Reis, curador da exposição que tem ainda como extensões o lançamento, no ano que vem, de um livro e de um CD sobre Dubugras. A mostra é dividida em duas etapas: uma com desenhos originais do arquiteto que foram doados para a FAU e de alguns de seus alunos quando Dubugras lecionou na Escola Politécnica. Muitos desses desenhos eram de perspectiva colorida e, por isso, a mostra conta com várias aquarelas. O outro segmento da exposição é formado por fotografias que o próprio arquiteto fazia para documentar a construção de seus projetos, todas elas emprestadas pelo seu bisneto. Victor Dubugras nasceu na França, formou-se na Argentina e chegou a São Paulo em 1891. Foi o responsável pelo projeto de reurbanização da Ladeira da Memória, em São Paulo, concluído em 1922 e, hoje, "campo de pichação", como ironiza o professor Reis. Infelizmente, muitas das criações para São Paulo não foram preservadas. Projetou, também, casas durante aquela época, como a residência de Horacio Sabino, em 1903, na quadra entre a Avenida Paulista e a Rua Augusta, área onde hoje está construído o Conjunto Nacional. Há também criações para cidades do interior do Estado de São Paulo, Bahia, Santos e Rio. Uma de suas construções que restaram foi a da Estação Ferroviária de Mayrink, idealizada entre 1906 e 1907 e considerada a primeira estrutura de concreto armado feita no Estado. A obra está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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