Mostra retrata o barão do Rio Branco

Ele entrou para a história por ter sido o diplomata que oficializou as fronteiras do País, mas era também um bon vivant. Sua paixão pelo Rio é tema de exposição no Museu Histórico Nacional

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Por Agencia Estado
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José Maria Paranhos, o barão do Rio Branco, virou nome de rua em quase toda cidade brasileira e entrou para a história por ter sido o diplomata que oficializou as fronteiras do País. Mas ao par dessa carreira política no exterior, era um bon vivant e apaixonado pelo Brasil e pelo Rio, onde nasceu e viveu todo o tempo em que não cumpria funções no exterior. Essa paixão pela cidade é o tema da exposição que será aberta amanhã no Museu Histórico Nacional (MHN) com cerca de cem peças que evidenciam o caso de amor correspondido de um aristocrata com a população de seu país. O Barão do Rio Branco e a Alma Carioca tem documentos da época em que o diplomata deixava-se levar pelo hedonismo do cotidiano carioca enquanto negociava para desenhar o mapa do Brasil que conhecemos hoje. Se no exterior ou no Ministério das Relações Exteriores era um negociador duro, na vida informal gostava de freqüentar os cafés, a vida boêmia do Rio do início da República (onde era conhecido como Juca Paranhos). Se divertia tanto com as notícias e caricaturas que eram publicadas sobre sua pessoa que as colecionava em cadernos guardados pelo Itamaraty até hoje. Colecionava também fotos que sempre tirava de situações corriqueiras de sua vida. É esse acervo que estará exposto no MHN, mostrando também como foi a belle époque carioca. Há fotos do barão ao lado das dondocas da época, de sua chegada ao Rio, em 1902, quando foi aclamado pela população da cidade como herói, objetos de seu uso pessoal e até mapas que ele desenhou e que, certamente, teriam servido nas negociações para o estabelecimento das fronteiras do Brasil. Como um homem de seu tempo, o barão tinha contradições. Era típico representante da aristocracia brasileira (seu pai, o visconde de Rio Branco, foi político importante no Império), mas se deixou seduzir pela nossa cultura popular. Monarquista convicto, foi um dos primeiros heróis e ídolos da República, servindo quatro presidentes (Rodrigues Alves, Campos Salles, Delfim Moreira e Hermes da Fonseca) como representante do Brasil em cortes internacionais. Adorava o desenho do centro da cidade, mas apoiou a reforma realizada pelo prefeito Pereira Passos na primeira década do século 20. E acabou dando nome à principal via da cidade, a Avenida Rio Branco, símbolo da modernidade que se pretendia trazer para o Rio. A exposição do MHN pretende mostrar todas essas facetas, mas vai além, dando um retrato completo do diplomata e do cidadão carioca. O carro que ele usava, o Proteus, um dos primeiros modelos da Mercedes-Benz, vai estar na exposição, assim como a reprodução de seu gabinete de trabalho, com base em fotografias de Augusto Malta, que o retratou (assim como a cidade) em várias situações oficiais e informais. Além de boêmio era também um trabalhador voraz, que misturava a diversão com seu ofício diplomático. A popularidade do barão do Rio Branco também foi histórica. Suas negociações eram noticiadas em primeiras páginas e raramente deixavam de ser unanimidade e sua morte, em 1912, foi uma comoção nacional. A população foi às ruas chorar seu herói e até o carnaval daquele ano foi suspenso, pois não houve clima para as comemorações.

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