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Mostra reflete caminhos da arte popular

Pop Brasil, que será aberta sábado, no Centro Cultural Banco do Brasil, reúne cerca de 200 obras produzidas por mais de 90 artistas nacionais

Por Agencia Estado
Atualização:

A arte popular brasileira é o grande tema da exposição que será inaugurada neste sábado na sede paulistana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Mas engana-se quem pensa que vai encontrar uma mostra de pinturas típicas, objetos artesanais e referências alegóricas a uma imagem estereotipada do País. Ao reunir cerca de 200 obras, produzidas por mais de 90 artistas, o curador Paulo Klein procurou estimular o debate em torno da produção artística nacional, de suas origens e desdobramentos. "Quis propor uma reflexão sobre a arte brasileira, independente de rótulos", diz ele, acrescentando que seu projeto contrapõe-se de forma direta a um certo marasmo, à tendência de importar exposições prontas, que vem dominando o circuito de artes plásticas nos últimos anos, como se a investigação acerca das raízes nacionais, estimulada pela celebração dos 500 anos, tivesse dado lugar a uma certa ressaca. O título Pop Brasil escolhido para a mostra tem algo de irônico, de provocativo. Ele remete imediatamente à escola americana, a essa tendência de parte da sociedade brasileira de valorizar os modelos importados. Há realmente na seleção alguns trabalhos que se alimentam do cotidiano das grandes cidades, das linguagens dos cartoons e da publicidade, que dialogam com as experiências de Andy Warhol e turma, como Rubens Gerchman e Alex Vallauri. Mas o grosso das obras selecionadas apenas trazem à tona uma visão múltipla e diversificada da arte produzida no País durante boa parte do século passado. Lá estão os grandes nomes da arte goiana, da arte nordestina, da arte mineira. Inspirando-se em Mário de Andrade, pioneiro na investigação da cultura brasileira, Klein refez a trajetória do autor de Macunaíma e Turista Aprendiz, usou-o como uma espécie de suporte intelectual e trouxe à luz uma seleção cuidadosa de nossos mais renomados artistas populares: Heitor dos Prazeres, Antonio Poteiro, José Antonio da Silva, Ana das Carrancas, Nhô Caboclo, só para citar alguns. Mas também inseriu na mostra, mesmo que com uma presença bem minoritária, representantes da dita arte culta, identificada com a elite artística brasileira, e que na verdade ancoram sua pesquisa plástica no rico universo imagético e social do País. Entre os representantes desta categoria, intitulada O Popular na Arte, estão Cildo Meireles, Efrain Almeida e Emmanuel Nassar. Também está lá Gilvan Samico, muitas vezes exibido ao lado dos mestres primitivos nacionais. Seria possível ampliar essa seleção de 14 artistas - que ocupam o 2º andar do prédio no centro de São Paulo - de forma significativa. Há ausências evidentes, como Siron Franco, Farnese de Andrade ou Beatriz Milhazes (para falar de três gerações diferentes). Mas por limitações de tempo e dinheiro Klein teve de conter-se e não pôde ceder a tentação de ampliar a lista de artistas para mais de uma centena. As escolhas respondem muitas vezes a critérios subjetivos da curadoria, que acabaram por promover interessantes encontros, como aquele entre Cildo Meireles e Rodrigo Araújo. Os dois lidam com uma figura essencial das ruas brasileiras: o vendedor ambulante. Mas enquanto Meireles recria escultoricamente uma lembrança de infância do vendedor de agulhas e barbatanas, Araújo se apropria e aperfeiçoa esse modo de comércio, fundindo-o com a idéia de apropriação artística do imaginário popular ao instalar na frente do centro cultural uma barraquinha ultraplanejada na qual se propõe a comprar e vender imagens. Pop Brasil - A Arte Popular e o Popular na Arte. De terça a domingo, das 12 às 19h30. Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651. Até 25/8. Abertura amanhã, às 11 horas.

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