Mostra refaz o percurso da escultura brasileira

De Brecheret a Tunga, a Pinakotheke São Paulo exibe uma panorama da produção no País desde o início do século 20

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Por Agencia Estado
Atualização:

Nem todos os artistas presentes na exposição que é inaugurada hoje no espaço Pinakotheke São Paulo são escultores. Alguns se fizeram notar por outra técnica, como a pintura, ou por outro ofício, como a arquitetura. Mas a maioria é de escultores, reconhecidos no País e no exterior. Nessa exposição que será aberta hoje, os visitantes encontrarão obras - mais precisamente, esculturas - de Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Amilcar de Castro, Ernesto de Fiori, Lasar Segall, Maria Martins, Franz Weissman, Sergio Camargo, Frans Krajcberg, Alfredo Ceschiatti, Lygia Clark, Lygia Pape, Emanoel Araújo, Ione Saldanha, Waltercio Caldas, Oscar Niemeyer e Tunga. Como escreve o crítico Olívio Tavares de Araújo no texto para o catálogo da mostra é curioso observar que se fosse para as pessoas enumerarem os grandes nomes da arte brasileira, certamente a lista seria feita com nomes de pintores. Pelo raciocínio do crítico, o predomínio de pintores sobreporia até mesmo os grandes gravuristas, desenhistas, no caso dessa mostra, grande parte desses escultores. Um dos motivos, segundo o crítico, é que no Brasil, os escultores foram "menos numerosos e tiveram menos visibilidade". Outro ponto, de caráter prático, é que "produzir uma escultura não é para qualquer um; exige até o vigor físico. Exige, obrigatoriamente, além disso, uma espécie de vigor psicológico e moral, de coragem para enfrentar materiais habitualmente pouco dóceis, de grande peso, volume ou quantidade, combatendo-os tenazmente com fogo, água e instrumentos contundentes ou cortantes, até conseguir submetê-los à vontade do artista". Na mostra, intitulada Escultores - Esculturas, o visitante encontrará o percurso da escultura brasileira, em ordem cronológica, tendo como delimitações os artistas Ernesto de Fiori e Tunga, o mais contemporâneo. Na entrada da galeria, as obras mais antigas, de 1919, apresentadas na semana de 22, ambas de Victor Brecheret. Uma, O Ídolo, em bronze, outra, Cabeça Feminina, em mármore. Adiante, no primeiro espaço expositivo, estarão as obras modernas. Ernesto de Fiori, que também realizou desenhos, está lá, Lasar Segall, conhecido por suas pinturas, também está, representado com o belo relevo em bronze intitulado Duas Mulheres, de 1929. Já Bruno Giorgi é o mais representado, com cinco obras. Cabe destacar a escultura em mármore Nu Feminino e Cabeça do Escritor Mário de Andrade, em terracota. Para exemplificar ainda a variedade de materiais e técnicas reunidos na mostra, há também a obra Boto da Amazônia, feito em argamassa, em 1943, por Maria Martins. Na outra parte da exposição, os contemporâneos. Em uma parede, Paineira, Obra de Madeira Pintada de Branco, de Frans Krajcberg, dialoga com relevos realizados também em madeira pintada de branco por Sergio Camargo e com escultura Estrutura Branca, de Emanoel Araújo, também no mesmo material e cor. As obras desse segmento contemporâneo não são de grande porte, ao contrário, exceto a obra de Sergio Camargo presente nessa parede. Por fim, Pente, de Tunga, uma cabeleira com fios de cobre e um pente. Na parte externa da galeria, esculturas do arquiteto Niemeyer, de Weissman e de Araújo. No jardim da galeria, outra de Niemeyer. Escultores - Esculturas. De segunda a sexta, das 10 às 20 horas; sábado, das 10 às 16 horas. Pinakotheke. Rua Ministro Nelson Hungria, 200, tel. 3758-5202. Até 30/8. Abertura às 20h30.

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