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Mostra recupera painéis de Portinari

O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, expõe Monumento Rodoviário, quatro grandes painéis encomendados ao artista em 1936 que estavam em estado de abandono no quilômetro 73 da Rodovia Nova Dutra

Por Agencia Estado
Atualização:

A concessionária Nova Dutra, que administra a rodovia homônima, e o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem cederam em comodato ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), por tempo indeterminado, quatro painéis gigantescos de Cândido Portinari (1903-1962), o conjunto denominado Monumento Rodoviário. A grande obra, que até pouco tempo estava em estado de abandono na rodovia, foi removida e instalada esta semana nas paredes de uma nova sala do museu, batizada Sala Portinari. Os painéis do Monumento Rodoviário poderão ser vistos pelo público a partir de segunda-feira, no MNBA (Avenida Rio Branco, 199, Cinelândia, Rio), ocasião da inauguração da sala. Os trabalhos integrarão exposição de obras de Portinari pertencentes ao acervo do museu. Só o seguro de uma das telas a serem exibidas, O Galo, de 1941 (considerada de grande ruptura do pintor), está fixado em US$ 850 mil. "A sala onde as obras foram dispostas tem uma ampla porta aberta para a Rua México, o que permite o olhar do transeunte sobre os trabalhos", diz Heloísa Aleixo Lustosa, diretora do museu. Ela disse que o MNBA também está recendo em comodato, do filho de Portinari, João Cândido Portinari, uma obra que estava na Capela de Mairinque e, roubada em 1993, fora recuperada recentemente. Mas a estrela da mostra será mesmo o conjunto de painéis. Eles foram encomendados a Portinari em 1936 pelo Touring Club do Brasil e estavam instalados no quilômetro 73, na Serra das Araras. Têm 0,96 m x 7,68 m e temática realista, de cunho social e nacionalista - cenas de homens desbravando matas. "Até parecem feitos sobre fotografias, como fizeram os artistas da pop art e depois, os hiper-realistas", escreveu o crítico Antonio Bento em Portinari (Léo Christiano Editorial, Rio, 1980). Os trabalhos pertencem ao governo federal, que encomendou as peças a Portinari. Quando pediu as obras, nos anos 30, o então diretor da Comissão de Estradas de Rodagem Federais, Yeddo Fiuza, pediu ao artista "coisas fortes, violentas, que bem expressem a construção de estradas de rodagem em nosso País".

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