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Mostra põe à prova a contemporaneidade da pintura

A Pintura como uma Linguagem Estrangeira reúne trabalhos de 23 artistas da conceituada Goldsmiths University of London

Por Agencia Estado
Atualização:

A pintura estava morta, é o que diz o subtítulo do catálogo da exposição Painting as a Foreign Language - A Pintura como uma Linguagem Estrangeira, que pode ser vista até o dia 17, no Centro Brasileiro Britânico. Com patrocínio da Cultura Inglesa, a mostra reúne trabalhos de 23 artistas que passaram pela Goldsmiths University of London, considerada uma das mais conceituadas do mundo. Cada artista apresenta duas obras e, entre eles, a única brasileira presente na exposição é Claudia Marchetti. Segundo Claudia, a Goldsmith não é estritamente reconhecida como uma escola de pintura. A universidade é até identificada por seus artistas que trabalham mais com instalações e com a arte conceitual. Entretanto, o curador Gerard Hemsworth, artista plástico que dirige o Departamento de Artes Visuais da Goldsmiths, pensou que trazer os trabalhos dos pintores seria muito oportuno justamente nessa temporada de Bienal para mostrar a contemporaneidade da pintura. Algumas obras até suscitam um tipo de estranhamento, como o trabalho de Machiko Edmondson, que pinta com tinta a óleo rostos perfeitos, ultra-realistas como imagens fotográficas. Não parecem ser pinturas. "O fato de não se fazer instalações não quer dizer que os trabalhos não são contemporâneos", defende Claudia. A brasileira sempre foi pintora e, entre 1990 e 1992, fez pós-graduação na Goldsmiths. Ela conta que como as áreas não são separadas, há um departamento comum de arte na escola, seu contato com as outras mídias ajudou-a em seu processo de abstração. Agora, o que se pode ver nos dois quadros que apresenta é uma nítida referência ao expressionismo abstrato fundado pelo americano Jackson Pollock. "Só que faço uma paródia ao trabalho dele. É certo que pinto no chão como ele fazia, mas coloco a chapa de acrílico para o lado da tela que fica virado para a parede", explica. A textura da pintura fica do lado contrário e, por isso, Claudia coloca suas duas obras a quatro centímetros da parede. De sua trajetória pode-se dizer que sua pintura era figurativa, baseada em um imaginário infantil. Peixes, caracóis e loopings eram alguns dos temas de suas obras. Como ela mesma diz, seus dois quadros Blue Sperms e Green Sperms "são a abstração do peixe". "É claro que não quero me comparar a Pollock. Acho que seu trabalho era deprimido, denso. Já o meu é leve. A obra literalmente flutua na parede e a sombra refletida nela dá um aspecto de tridimensionalidade." Além de Claudia, participam Liz Arnold, Sybille Berger, Glenn Brown, John Chilver, Peter Davies, Jane Harris, Richard Kirwan, Simon Linke, Brad Lochore, Alain Miller, Paul Morisson e Clare Woods, entre outros. Painting as a Foreign Language - A Pintura como uma Linguagem Estrangeira. De segunda a sexta, das 10 às 19 horas; sábado, das 10 às 17 horas. Centro Brasileiro Britânico. Rua Ferreira de Araújo, 741, tel.: (11) 3039-0553. Até 17/4.

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