Mostra 'Emoção Art.Ficial 4.0' domina o Itaú Cultural

Quarta edição da exposição bienal de arte e tecnologia será inaugurada na terça-feira, 1, para convidados

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Por Camila Molina
Atualização:

Emergência! é o título de Emoção Art.Ficial 4.0, 4ª edição da mostra bienal de arte e tecnologia do Itaú Cultural, que será inaugurada na terça-feira, 1, para convidados e na quarta para o público. O uso do tema Emergência! como mote para a reunião das obras da mostra - 16 trabalhos de artistas estrangeiros e brasileiros, incluindo uma instalação na estação de metrô Paraíso - não está relacionado à idéia de perigo ou a situações de falta de segurança, mas a um caráter de imprevisibilidade no âmbito da tecnologia. O dado do inesperado nos circuitos das peças tecnológicas não quer dizer "erro" e sim uma característica favorável à explosão de poéticas diversas - mais intimistas e mais orgânicas - há obras imersas em aquários, outras feitas a partir da simbologia do universo das bactérias -, como se vê na mostra.   Veja também: Galeria com fotos de obras de 'Emoção Art.Ficial 4.0'    Por exemplo, o jardim virtual Ultranature, de Miguel Chevalier (artista residente na França), instalado na plataforma de embarque para o sentido Tucuruvi no metrô Paraíso, é um painel de 9 metros de comprimento em que plantas e flores, em imagens digitais, se movimentam e se desenvolvem por meio de um sistema virtual de polinização que só acontece a partir de sensores que captam o movimento dos milhares de transeuntes da estação. Ou mesmo o robô-pintor do artista português Leonel Moura, uma pequena máquina acoplada de canetas que cria obras abstrato-gestuais ao que poderíamos dizer "seu gosto" e decisões momentâneas - e ele até as assina no canto do papel com a marca RAP (Robotic Action Painter). Para fechar a idéia, os criadores das máquinas e dos circuitos das obras da exposição têm um papel limitado quanto ao resultado de suas criações, como explica Marcos Cuzziol, coordenador do Itaulab, um dos organizadores da mostra ao lado de Guilherme Kujawski e da equipe do núcleo de arte e tecnologia do Itaú Cultural. Os artistas definem um circuito e comportamento básico para suas obras, mas elas só vão acontecer ou tomar seus rumos a partir de estímulos que podem ser do público, das condições ambientais ou de outros fatores como os próprios agentes e circuitos de seus sistemas.   A tal da Emergência! é, enfim, uma "conseqüência de interface", como diz Cuzziol. Não há, nesse sentido, um forte apelo da interatividade nesta exposição - tal como foi o mote da edição passada de Emoção Art.Ficial em 2006 - mas um caráter mais centrado na contemplação (algumas máquinas são até mesmo sistemas centrados em si mesmos, apenas para serem olhados pelo visitante). "Cabe ao público mais concentração para que ele pondere o que está acontecendo à sua frente, o que também é uma característica das obras de arte. Pensamos isso para esta mostra para ir contra o preconceito que existe do chamado ‘parque de diversões’ quando se fala em exposição de arte e tecnologia", afirma Cuzziol.   Nesse sentido, uma obra intimista é Reler, trabalho da brasileira Raquel Kogan premiado na última edição do Rumos Arte Cibernética 2007 do Itaú Cultural - outros trabalhos premiados no programa da instituição e presentes agora são os dos brasileiros Lucas Bambozzi, Sandro Canavezzi e Vivian Caccuri. Nesse trabalho, uma estante comporta 50 livros que, abertos, têm trechos de obras literárias lidas - a emergência é não saber o que será encontrado/escutado. "O público fica por vezes só na primeira camada. Divertir-se não é o problema, mas é preciso ir além disso", diz ainda Cuzziol. Emoção Art.Ficial 4.0 é também acompanhada de simpósio, que ocorre entre quarta e sábado.     Emoção Art.Ficial 4.0. Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, tel. 2168-1776. 3.ª a 6.ª, 10 h às 21 h (sáb. e dom. até 19 h). Grátis. Até 14/9

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