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Mostra em SP revela danos do efeito estufa em povoado

Por Igor Giannasi
Atualização:

As consequências das mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global não virão nas próximas décadas, mas já estão acontecendo. Este é o alerta que pretendem mostrar o fotógrafo social inglês Peter Caton e a designer brasileira Cristiane Aoki com a exposição fotográfica "Naufrágio de Sundarbans - Projeto Vozes Climáticas", aberta no saguão do Tucarena, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, zona oeste de São Paulo.Nas 40 fotos da exposição estão retratados moradores das ilhas da região de Sundarbans, que abriga manguezais formados no delta do rio Ganges, localizada numa área compreendida entre Índia e Bangladesh, na Ásia. Ali, os habitantes já sentem o resultado da ação do efeito estufa, como a elevação do nível médio do mar e a consequente salinização das águas usadas para o consumo da população e para a agricultura. Se já não fosse o bastante, a região foi devastada por um ciclone - o Aila - em maio do ano passado.De acordo com Caton, citando estudos científicos, se nos próximos anos o nível do mar em Bangladesh subir entre 0,5 metro e dois metros, 20% das terras do litoral do país poderão desaparecer até o final do século, o que corresponderia a metade da área produtiva do país. "A questão do aquecimento global é um problema social, é uma causa humanitária", afirma Cristiane. Com uma qualidade de imagem de estúdio, típica de revistas de moda, já que foram feitas com uma câmera de alta definição e iluminação móvel, as fotos querem revelar mais do que sua beleza aparente e estimular a reflexão do público. "De repente, ele vai perceber que não é tão belo assim. Usamos esse tipo de estética para uma causa política e ambiental", comenta a designer. Cada fotografia traz um depoimento da pessoa ali retratada sobre a situação em que está vivendo. "Eles veem que isso é uma oportunidade para a história deles ser contada", diz Caton. As fotos que compõe a mostra são fruto de um trabalho desenvolvido a pedido do Greenpeace Internacional para documentar populações que já estão sofrendo os danos causados pelas mudanças climáticas. Essas imagens somadas ao trabalho feito em outros países irão fazer parte de um livro. Essa mostra, que foi inaugurada em Londres (Inglaterra), também será exibida nas cidades de Chicago (EUA), Calcutá e Nova Déli (Índia) e em Luxemburgo. Cerrado - O interesse de Caton pela fotografia social surgiu depois de, aos 17 anos, assistir a um documentário sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. A parceria entre o inglês e a brasileira começou em 2005. Os dois se conheceram em Londres quando Cristiane, que havia sido professora de fotografia digital no Senac, estava cursando um mestrado sobre fotografia social na Goldsmiths College. Na ocasião, fazia uma semana que Caton, que atuava com fotografia tradicional, de filme, comprara sua primeira máquina digital - mas não tinha nem ideia de como trabalhar com ela. O interesse pelas questões ambientais os uniu: ele fica responsável pelas imagens e ela pela produção e, no caso do "Projeto Vozes Climáticas", em colher os depoimentos dos fotografados. No últimos três anos, a dupla tem vivido em hotéis pelo mundo ou então em acampamentos nas regiões que são temas das fotografias. Há também uma equipe de apoio para garantir a execução do projeto nos locais escolhidos. À parte do trabalho com o Greenpeace, eles planejam retratar a realidade de uma vegetação brasileira que consideram não ter tanto destaque na mídia. "O Cerrado está desaparecendo muito mais rápido que a Amazônia e ninguém está dizendo nada sobre isso", diz o fotógrafo inglês. Buscando apoio para a empreitada, em maio eles devem se reunir com uma ONG de Brasília para selar uma parceria. Mais informações sobre o trabalho do fotógrafo no site: www.petercaton.co.UK. Naufrágio de Sundarbans - Projeto Vozes Climáticas, de Peter Caton e Cristiane Aoki. Período expositivo: até 20 de maio, de terça a domingo, das 14 horas às 20 horas. Local: saguão do Tucarena, na PUC-SP. Endereço: Entrada pela Rua Bartira, esquina com a Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes, São Paulo. Telefone: (11) 3670-8458. Entrada gratuita.

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