Mostra em SP reúne Miró, Chagall e Anthony Quinn

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Por Agencia Estado
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A Portal Galeria inaugura hoje uma exposição curiosa, que reúne três atrações em um único evento: Juan Miró, Marc Chagall e Anthony Quinn. Se os dois primeiros são há muito conhecidos e admirados do público, poucos sabem que o astro hollywoodiano, que morreu em junho, foi pintor antes de ser ator e continuou ao longo da vida dedicando-se à gravura, pintura e escultura. Cada um dos artistas está representado na exposição com um conjunto pequeno de obras, que compõem como que pequenas individuais. É de Miró, que já teve anteriormente trabalhos expostos pela galeria, a seleção mais ampla da mostra. Há uma dezena de litogravuras e gravuras em carborunum - técnica de impressão que usa o pó de silício -, a maioria delas produzidas na década de 70, alguns anos antes da morte do artista catalão, em 1983. Chagall, outro artista já exposto em outra ocasião pela Portal, volta com alguns exemplares da série de gravuras feitas para ilustrar as Fábulas de La Fontaine (quatro das cem que produziu com este fim, na década de 20) e um trabalho isolado, exemplo preciso da arte fantasiosa, que parece saída de uma fábula, do artista russo. Tanto as obras de Miró quanto as de Chagall vêm de galerias americanas, que têm acordos com a Portal, cedendo-lhe em consignação as obras que lhes são oferecidas por colecionadores locais. Já os trabalhos de Anthony Quinn vêm da Suíça, onde vive o marchand que representava o artista. Por mais que possa parecer estranho essa colocação lado a lado do ator com dois dos maiores artistas do século 20, os marchands Mário e Malvina Gelleni consideram os três como "masters" e vêem nessa mostra uma oportunidade de homenagear o pintor recentemente morto que, aliás, foi profundamente influenciado pelo modernismo. Se não há hierarquia na concepção da exposição, ela é inevitável na tabela de preços. Enquanto as obras de Miró valem de US$ 20 mil a US$ 30 mil e as de Chagall de US$ 10 mil a US$ 25 mil, as gravuras de Quinn estão à venda por US$ 6 mil e duas de suas pinturas (auto-retratos) podem ser comprados por US$ 15 mil. Outra de suas telas, Triumph, e que já foi vendida - estando, portanto, fora da exposição -, traz um elemento curioso e bastante questionável: trata-se de uma reprodução sobre tela. O tema dele próprio representando em Zorba, o Grego fez tanto sucesso que Quinn reproduziu a tela em 250 cópias diferentes. A que veio parar no Brasil é a de número 139. Apesar de os galeristas afirmarem que a mostra foi pensada como "acompanhamento" para o megaevento De Picasso a Barceló, em cartaz na Pinacoteca do Estado e que tem Miró como um de seus principais destaques, é dificil traçar um paralelo entre a seleção de obras espanholas do século 20 e o trio formado por um espanhol, um russo e um mexicano (isso mesmo, Quinn era mexicano), a não ser a coincidência de datas. Mesmo assim, e com uma seleção pequena de cada um dos artistas, a mostra reserva boas surpresas para o público interessado e uma oportunidade para quem pode se dar ao luxo de ter em casa uma obra assinada por eles - mesmo sendo uma gravura.

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