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Mostra decifra Edward Hopper, o pintor da alienação

Retrospectiva do pintor americano, aberta hoje na Tate Modern, em Londres, é uma das mais aguardadas do ano. Veja as fotos

Por Agencia Estado
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Uma das exposições mais aguardadas do ano em Londres será inaugurada hoje: a retrospectiva dedicada ao pintor americano Edward Hopper. A mostra exibe 70 obras de Hopper, entre elas alguns dos trabalhos mais famosos da pintura moderna, como o quadro Nighthawks, de 1942. Com seus retratos a óleo de pessoas olhando pela janela ou perdidas em um mundo à parte, sentadas em hotéis, bares e teatros, o pintor criou ícones do mundo das artes visuais. Por sua influência, inclusive sobre o cinema, Edward Hopper é considerado um dos maiores nomes da pintura moderna. Trata-se da primeira grande exposição dedicada ao pintor na Grã-Bretanha nos últimos 20 anos. A mostra tenta cobrir toda a carreira de Hopper, falecido em 1967, aos 79 anos, e a expectativa é de que ela venha a ser uma das mais visitadas desde a inauguração da galeria Tate Modern, em maio de 2000. "Essa exposição é similar à dedicada a Matisse e Picasso por apresentar um artista que todo mundo acredita conhecer, mas, na verdade, não conhece", disse à BBC Brasil a curadora da mostra, Sheena Wagstaff. Segundo Wagstaff, o objetivo é "lançar uma nova luz sobre às obras dele, fazer as pessoas entenderem Hopper como um artista complexo e internacional, cuja influência é exercida até hoje". Os trabalhos em exibição vão das gravuras e pinturas criadas nos tempos de estudante em Paris, no início do século 20, aos retratos do cotidiano em Nova York, realizados nos anos 60. O mais famoso é Nighthawks, o retrato de uma cena noturna em um café de esquina, com três fregueses sentados no balcão, uma imagem reproduzida em pôsters - e, algumas vezes, parodiada - no mundo inteiro. Críticos de arte são da opinião que poucos pintores conseguiram expressar tão bem a alienação e o isolamento das pessoas nos centros urbanos como Hopper. O jornal Financial Times diz que o trabalho de Hopper lida com "alienação urbana e solidão existencial". O The Guardian diz que seu quadros são "retratos da vida interior". O escritor Brian O´Doherty, amigo de Hopper que ajudou a organizar a retrospectiva, disse à BBC Brasil que - ao contrário do que o trabalho dele poderia fazer supor - o artista não era uma pessoa "melancólica". "Hopper era quieto, um pouco tímido, gentil, e de uma forte presença, uma pessoa confortável consigo mesmo, que certamente não correspondia aos clichês relacionados a obra dele." O´Doherty diz que Hopper - que viveu a maior parte de sua vida em Nova York - buscava "descobrir a si mesmo com seus quadros" e, por isso, os seus trabalhos eram "marcados por mistério e silêncio". Além dos trabalhos de Hopper, a mostra exibe uma programação paralela de palestras, discussões e filmes relacionados e/ou influenciados pela obra de Edward Hopper. "A influência dele é extraordinária", justifica a curadora Sheena Wagstaff. "Uma das coisas que me convenceram a fazer a retrospectiva agora - e não mais tarde - foi a constatação de que há uma leva de fotógrafos, cineastas, pintores, diretores teatrais, dramaturgos e escritores influenciados pelo Hopper, de formas diferentes", disse. A programação dos filmes influenciados por Hopper ou que influenciaram o trabalho do pintor foi organizada pelo cineasta Todd Haynes (Velvet Goldmine, Longe do Paraíso). A lista inclui filmes de Haynes, Hitchcock, Fassbinder, David Lynch, Terrence Malick, George Stevens e Douglas Sirk. include $DOCUMENT_ROOT."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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