PUBLICIDADE

Mostra de cerâmica suruí no Instituto de Artes da Unesp

Por AE
Atualização:

A criação de uma cerâmica indígena suruí, em Rondônia, é um ritual coletivo, familiar. Primeiro, mulheres e crianças andam quilômetros para recolher a melhor argila que podem encontrar no igarapé. Depois, voltam à aldeia para esculpir peças que serão utilitárias - grandes panelas, sopeiras, vasilhames e cuias - e o momento da queima desses artefatos se torna a parte mais complexa do processo. Nessa hora, as suruís se isolam, concentram-se para dar o polimento às obras. "O acabamento é uma questão de status no grupo", conta o ceramista e escultor Jean-Jacques Vidal, responsável pela curadoria da mostra Cerâmica Paiter Suruí, que pode ser vista no Instituto de Artes da Unesp.É uma exposição concisa, mas que apresenta um conjunto de 47 obras do povo suruí datadas desde a década de 1970. "É uma cerâmica pura, de um fazer muito elaborado, que me chama a atenção por sua forma, volume, espessura, simetria e manchas", diz Vidal. À primeira vista, as peças parecem todas iguais, exibindo uma simplicidade estética interessante. A cerâmica suruí não tem adornos - como os desenhos geométricos das obras marajoaras -, mas possui a singularidade das tinturas diferentes, escorridas, feitas com jequitibá (material que tem função fungicida). Alguns artefatos são acompanhados de cestos confeccionados com cascas de árvores funcionando como tampas.Em 1986, o escultor foi pela primeira vez a Rondônia especialmente para conhecer a tradição ceramista suruí - há grupo indígena de mesmo nome no Pará, mas sem o costume de realizar esses artefatos. Voltou ao local em 2010 para realizar uma pesquisa intensa sobre a técnica rara da cerâmica suruí, tema de seu mestrado. "Em São Paulo, poucos lugares são especializados nessas obras", conta Vidal, calculando que colecionadores pagam até cerca de R$ 5 mil por uma dessas cerâmicas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo. CERÂMICA SURUÍ - Instituto de Artes da Unesp. R. Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271, 2.ª a 6.ª, 9h/ 18h; sáb., 9h/14h. Grátis. Até 24/3

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.