Mostra celebra literatura modernista

Exposição na Academia Brasileira de Letras, no Rio, reúne primeiras edições de obras fundamentais do movimento

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Por Agencia Estado
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Em vez de discutir se o Modernismo brasileiro nasceu no Rio, na década de 1910, ou com a Semana de 22, em São Paulo, o bibliófilo e professor de literatura Antônio Carlos Secchin comemora os 80 anos do evento expondo sua coleção das primeiras edições dos livros que marcaram essa história. A mostra Papéis do Modernismo será aberta nesta terça-feira na Galeria Manuel Bandeira, da Academia Brasileira de Letras, com 47 volumes, entre eles os lendários Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade (1930); A Cidade Mulher, de Álvaro Moreyra (1923), e Paulicea Desvairada, de Mário de Andrade (1922). Como titular do Departamento de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Secchin é conciliador. "O Modernismo surgiu nas duas cidades simultaneamente e a Semana de 22 foi o batizado da criança", diz. Ele acha que a literatura é injustiçada nas comemorações da data. "É ruim o movimento ser lembrado apenas por sua produção de artes plásticas, quando a ficção e a poesia foram tão importantes. A indústria gráfica brasileira também deu um salto de qualidade, a impressão dos livros melhorou e os principais artistas da época passaram a ilustrar capas." A exposição tem três núcleos cronológicos. O primeiro - "Ô Abre Alas: Cantos do Rio, Alvoradas do Moderno" - traz livros que anunciaram o movimento, como Chrystaes Partidos, de Gilka Machado, de 1915. Há ainda Vida e Morte de M.J. Sá Gonzaga, de Lima Barreto, de 1919. O compositor do clássico Chão de Estrelas, Orestes Barbosa, também está nesse núcleo com o livro de crônicas Ban! Ban! Ban!, de 1923. O núcleo seguinte é "1922: Liras Paulistanas", com livros da década de 1920, muito famosos, mas pouco lidos. É o caso de Macunaíma, de Mário de Andrade; Pau Brasil, de Oswald de Andrade; República dos Estados Unidos do Brasil, de Menotti del Picchia; Martin Sererê, de Cassiano Ricardo, e O Extrangeiro ("Chronica da Vida Paulista), de Plínio Salgado. "Em Torno de 30: a Literatura fora do Eixo" fecha a exposição com uma premissa defendida com ardor por Secchin. "Os escritores e poetas que popularizaram o Modernismo nos anos 30 seguiam tendências bem diferentes. Enquanto a poesia aprofunda os preceitos do Manifesto de 22, a prosa é uma reação à literatura hermética de Oswald e Mário de Andrade", afirma ele. "Surge o romance regionalista, de cunho social, que facilita a leitura para passar a mensagem política. Essa corrente dura até hoje, entre os prosistas brasileiros." Entre os livros que estão no núcleo, Poemas, de Murilo Mendes, Cobra Norato, de Raul Bopp, O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Fantoches, de Erico Verissimo.

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