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Mostra celebra Le Corbusier, mestre da arquitetura moderna

Por Agencia Estado
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Mostras especiais da 6.ª Bienal de Arquitetura destacam profissionais que estão em um patamar acima dos demais. Não por causa de uma obra ou uma idéia, mas por conta de todo um arcabouço de idéias e sua imensa influência. Um deles é especialmente importante para os brasileiros, porque foi ele que, ao estabelecer diálogo com uma geração emergente de modernistas nacionais, a partir de 1929, acabou influenciando todo o fazer moderno da arquitetura no País. Trata-se de Charles Edouard Jeanneret, ou simplesmente Le Corbusier. Entre as idéias fundamentais do arquiteto, segundo destacou Pietro Maria Bardi, estava a de que vivemos numa sociedade que não ama mais. "É preciso dar a ela as razões de amar", escreveu Le Corbusier. Quando veio a São Paulo pela primeira vez, a convite de Paulo Prado, Le Corbusier foi saudado por Mário de Andrade em sua coluna no Diário Nacional, em 21 de novembro. "É mesmo possível que dos seus discursos resulte alguma adesão à arquitetura moderna, porém, mais que na esperança de possíveis benefícios, estou mais é pensando nessa volúpia, nesse virtuosismo contemporâneo de pensar que faz a gente preferir os argumentos aos atos." E Le Corbusier tinha argumentos de sobra. "O mundo morre de cacofonia. Um mundo envelhecido se desmancha. É preciso uma nova harmonia." "O mundo precisa de harmonia", escreveu o arquiteto, defensor radical de princípios racionalistas, em 16 de junho de 1934. Um grupo seleto de discípulos o seguiria por aqui: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Ernani Vasconcelos, Carlos Leão, Jorge Moreira e Afonso Reidy. Foi com base num "risco original" do mestre que o grupo dos seis, como ficou conhecido, projetou o Edifício Gustavo Capanema, o primeiro do País a aplicar em escala monumental todos os princípios da arquitetura modernista. Dali em diante, se desgarrariam da matriz, mas sempre com reverência à originalidade do mestre. Lúcido, cáustico, otimista, cordial com os companheiros. Era assim que o definiam. Fazia caricaturas e cunhava boutades. "Em arquitetura, a tarefa do harmonizador estende-se à criação de todos os organismos do equipamento da civilização das máquinas, uma ética da concepção, uma estética da expressão, que devem dar a unidade que é a própria definição do estilo", discursou Le Corbusier, numa das conferências que deu no Brasil.

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