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Morre o escritor Fernando Sabino no Rio de Janeiro

O escritor mineiro, autor de obras como O Homem Nu, O Encontro Marcado e O Grande Mentecapto completaria 81 anos amanhã Veja galeria de fotos Leia: No aniversário de 80 anos, reclusão (pdf)

Por Agencia Estado
Atualização:

O escritor mineiro Fernando Sabino faleceu hoje, em sua casa, em Ipanema, zona sul do Rio, aos 80 anos. Sabino completaria 81 anos amanhã e morreu em conseqüência de complicações de um câncer no fígado. Do grupo de quatro mineiros e amigos inseparáveis que se destacaram na literatura durante mais de quatro décadas - Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Helio Pellegrino - o autor de O Encontro Marcado, O Grande Mentecapto e O Menino No Espelho, entre outros, era o único que ainda vivia. O corpo de Sabino será velado no Cemitério São João Batista e o enterro está marcado para as 11 horas de amanhã. O epitáfio é de autoria do próprio escritor: "Aqui jaz Fernando Sabino, nasceu homem, morreu menino." Sabino havia sido internado há algumas semanas, em 24 de setembro, na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, zona sul do Rio, quando informaram que o escritor passaria por exames de rotina e estava com sintomas de desidratação. Ele recebeu alta dois dias depois. Nascido em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte, Sabino desde pequeno mostrou-se interessado pela literatura. Amigo de infância do psicanalista e poeta Hélio Pellegrino, nos anos 1940, Sabino começou a cursar Direito e logo ingressou no jornalismo, como redator do jornal Folha de Minas. Reuniu seus primeiros contos no livro Os Grilos não Cantam Mais (1941), bem aceito pela crítica, o que lhe rendeu inclusive uma carta de Mário de Andrade, com quem manteve correspondência. Conviveu com personalidades como Rubem Braga, Vinicius de Moraes, Carlos Lacerda, Di Cavalcanti, Moacyr Werneck de Castro, Manuel Bandeira, Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade entre outros. Em 1956, publicou o romance O Encontro Marcado, um grande sucesso de crítica e de público, adaptado para diversos idiomas. Escreveu crônicas diárias para diversos jornais do País, como o Jornal do Brasil, e mensais para revistas, como a Manchete. Em 1960, lançou O Homem Nu, que já foi adaptado duas vezes para o cinema, a primeira com Paulo José no papel principal e a segunda com Cláudio Marzo como o protagonista. Em 1979, publicou O Grande Mentecapto, a partir da experiência que teve como aspirante no Quartel de Cavalaria de Juiz de Fora. Pela obra, Sabino foi premiado com o Jabuti, em 1979. Sabino também se dedicou à literatura infantil, com obras como Macacos Me Mordam (1984), O Pintor Que Pintou o Sete (1987). Em 1991, lançou o livro Zélia, Uma Paixão, uma biografia autorizada de Zélia Cardoso de Mello, ministra da Fazenda no governo Collor. Os escândalos de sua vida particular e a saída de Zélia do governo foram motivo de grande repercussão nacional, e o público não recebeu bem o livro. Em 2002 foi mais uma vez vencedor do Prêmio Jabuti, na categoria Contos e Crônicas por Livro aberto - Páginas soltas ao longo do tempo, de 2001. Suas obras mais recentes são Cartas Na Mesa - Correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino (2002), Os Caçadores de Mentira (infantil, 2003), e Os Movimentos Simulados (2004). Sabino vivia sozinho em seu apartamento na rua Canning, em Ipanema, desde que se separou a mulher, Lígia Marina de Moraes, em 1994. Na hora da morte, o escritor estava cercado por todos os filhos, Bernardo, Mariana, Verônica, Pedro, Leonora e Eliana, pelo neto Alexandre, filho de Virgínia, já falecida, pelo irmão Antônio e pelas secretárias, Fabiana e Isabel. Bibliografia: A Marca, 1944 A Cidade Vazia, 1950 A Vida Real, 1952 O Encontro Marcado, 1956 O Homem Nu, 1960 A Mulher do Vizinho, 1962 A Companheira de Viagem, 1965 A Inglesa Deslumbrada - Crônicas e Histórias da Inglaterra e do Brasil, 1967 Gente, 1975 Deixa o Alfredo Falar!, 1976 O Encontro das Águas, 1977 O Grande Mentecapto, 1979 A Falta Que Ela Me Faz, 1980 O Menino no Espelho, 1982 O Gato Sou Eu, 1983 Macacos Me Mordam, conto em edição infantil, 1984 A Vitória da Infância, 1984 A Faca de Dois Gumes, 1985 O Pintor Que Pintou o Sete, história infantil, 1987 Os Melhores Contos, 1987 As Melhores Histórias, 1987 As Melhores Crônicas, 1987 Martini Seco, 1987 O Tabuleiro Das Damas, 1988 De Cabeça Para Baixo, 1989 A Volta por Cima, 1990 Zélia, Uma Paixão, 1991 O Bom Ladrão, 1992 Aqui Estamos Todos Nus, 1993 Os Restos Mortais, 1993 A Nudez da Verdade, 1994 Com a Graça de Deus, 1995 O Outro Gume da Faca, 1996 Um Corpo de Mulher, 1997 O Homem Feito, 1998 Amor de Capitu, 1998 No Fim Dá Certo, 1998 A Chave do Enigma, 1999 O Galo Músico, 1999 Cara ou Coroa?, 2000 Duas Novelas de Amor, 2000 Livro aberto - Páginas soltas ao longo do tempo, 2001 Cartas Perto do Coração - correspondência com Clarice Lispector, 2001 Cartas na mesa, correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, 2002 Os Caçadores de Mentira, 2003 Os Movimentos Simulados, 2004

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