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Morre no Rio o acadêmico Sérgio Corrêa da Costa

Autor de Crônicas de Uma Guerra Secreta, o advogado, diplomata e historiador, nascido no Rio, tinha 86 anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Morreu esta madrugada, no Rio de Janeiro, vítima de câncer, o acadêmico Sérgio Corrêa da Costa, de 86 anos. Advogado, diplomata e historiador, ele nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1919. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 25 de agosto de 1983. O corpo vai ser velado durante todo o dia não salão dos poetas românticos da ABL. Às 16 horas, segue para o Cemitério São João Batista, na zona sul do Rio, onde será enterrado. O acadêmico Sérgio Corrêa da Costa morreu de câncer, nesta madrugada no Hospital Samaritano. Ele era o oitavo ocupante da Cadeira número 7, sucedendo a escritora Dinah Silveira de Queiroz, que foi a primeira mulher a chegar à imortalidade. Costa tinha 86 anos e entrara para a Academia Brasileira de Letras em 1984, depois de uma carreira como diplomata, que o levou a representar o Brasil em Roma, Londres, Washington e Nova York, como representante do País nas Nações Unidas. Ele deixa mulher, três filhos e netos. Além de textos técnicos sobre diplomacia, sua obra versava sobre história do Brasil e de nossas relações com outros países. O Imperador dom Pedro I era seu personagem preferido, assunto de três livros,inclusive o de estréia, As Quatro Coroas de Dom Pedro I, lançado em 1942, com prefácio de Osvaldo Aranha, ministro do então presidente Getúlio Vargas. Sua obra foi publicada aqui e na França, principalmente. Seu último livro, Crônicas de Uma Guerra Secreta, publicado em 2004, levantava a questão da espionagem nazista na Argentina, onde ele fora embaixador durante muitos anos. Era um assunto até então inusitado, o que levou o seu companheiro de Academia, o filólogo Evanildo Bechara, a afirmar que Corrêa da Costa ?tinha capacidade de procurar novos caminhos em estradas invisíveis?. Bechara era companheiro de longa data do embaixador, que foi seu padrinho na eleição para a ABL.?Como historiador, ele tinha a capacidade de se antecipar aos assuntos?. O presidente da ABL, poeta Ivan Junqueira, concorda e vai além. Crônica de Uma Guerra Secreta resultou de anos de pesquisa em que ele descobriu os planos da Alemanha Nazista de ocupar o que hoje Chamamos de Cone Sul. Na época, Juan Perón era o presidente da Argentina e Getúlio Vargas governava o Brasil sob o Estado Novo?, lembra Junqueira. ?Sempre se soube do namoro desses governantes com o fascismo e o nazismo e ele encontrou os documentos que comprovavam isso?. Outra obra muito elogiada de Corrêa da Costa, Palavras Sem Fronteiras, é um tratado sobre lingüística em que ele seleciona expressões de uso corrente do mundo inteiro. ?Ele estava preocupado com a hegemonia americana e descobriu que muitas expressões do latim se mantinham intactas na língua inglesa?, continuou Junqueira. A morte de Corrêa da Costa deixa a casa de Machado de Assis incompleta, depois de três meses em que as 40 cadeiras estavam ocupadas. A eleição mais recente, em fevereiro deste ano, levou o cientista político Hélio Jaguaribe à cadeira que havia sido ocupada pelo economista Celso Furtado. Com a posse de Jaguaribe, em julho, o quadro havia ficado completo. Hoje, no velório realizado no Salão dos Poetas Românticos do Petit Trianon, postulantes à imortalidade circulam discretamente entre os imortais, embora a vaga só vá ser oficialmente aberta na semana que vem, quando se realizar a sessão de saudade. A sessão de hoje foi suspensa, assim como a mesa redonda sobre o centenário de nascimento do escritor Érico Veríssimo, porque os acadêmicos iriam enterrar o companheiro no mausoléu da ABL, no cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul do Rio. Participam do velório o presidente da instituição, poeta Ivan Junqueira, o jornalista Murilo Melo Filho, Cícero Sandroni, Nélida Piñon e Alberto Venâncio Filho e o ex-ministro Marcílio Marques Moreira, atual presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

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