Morre Claude Simon, vencedor do Nobel de Literatura

Vencedor do prêmio em 1985, o escritor francês, pioneiro do estilo nouveau roman dos anos 1960, morreu na quarta-feira, em Paris

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Por Agencia Estado
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O escritor francês Claude Simon, um vencedor do Prêmio Nobel de Literatura e pioneiro do estilo nouveau roman dos anos 1960, morreu na quarta-feira, aos 91 anos, anunciou hoje o Ministério da Cultura da França. Ao conceder-lhe o premio Nobel, a Academia Sueca mencionou o romance Les Georgiques (As Geórgicas) como a obra mais importante do escritor. O romance de 1981 descreve as experiências do autor no lado republicano da guerra civil espanhola. Nascido em Tananarive, na ilha de Madagáscar, filho de pais franceses, em 10 de outubro de 1913, Simon começou a escrever em 1945 com Le Tricheur (O Golpe), uma fábula existencialista que lembra O Estrangeiro, de Albert Camus. Autor de mais de 20 obras, seu grande sucesso literário como expoente do "nouveau Roman" francês veio em 1960, com La Route Des Flandres (A Estrada de Flandres), passado na 2.ª Guerra Mundial. Nesse mesmo ano, recebeu o prêmio da Nouvelle Vague pela obra e, em 1967, o Médicis por História, uma mistura entre realidade e fantasia. Estas duas novelas, junto com O Palácio formam uma trilogia inspirada nas próprias vivências do escritor. O estilo do nouveau roman dispensava o uso de normas literárias relacionadas aos enredos e ao desenvolvimento de personagens. Os romances de Simon apresentam personagens em estado de confusão emocional, geralmente obcecados por lembranças. Seu estilo intrincado fez de seus livros difíceis de serem lidos, motivo que explicaria o fato de ele não ser bem conhecido nem mesmo na França. Alguns críticos compararam Simon ao americano William Faulkner. Simon disse, certa vez, sobre seu trabalho: "Sou incapaz de criar uma história. Tudo que escrevo é tirado da vida real, eu apenas copio a realidade". Em sua última obra, O Bonde (2001), Simon evoca, em um estilo profundamente intimista, seus anos de infância e amadurecimento. "A literatura francesa perdeu um de seus grandes autores", disse em uma declaração o primeiro-ministro francês Dominique de Villepin, que expressou sua "tristeza mais profunda" pela morte de Simon. Informações sobre familiares deixados por Simon não foram divulgadas. O corpo de Simon foi enterrado neste sábado.

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