Morreu hoje de manhã, aos 85 anos, o escritor espanhol Camilo José Cela. Ele estava internado numa clínica de Madri e não resistiu a complicações cardiorrespiratórias. Autor de A Colméia e Madeira de Lei, Cela é apontado como um dos mais importantes autores da literatura espanhola e colecionou alguns dos principais prêmios da literatura mundial. Em 1989, venceu o Nobel. Filho de pai espanhol e mãe inglesa, Cela nasceu em 1916 em Iria Flavia, na Galícia. De acordo com os médicos, suas últimas palavras, em presença de sua mulher e musa, a jornalista Marina Castaño, foram: "Marina, te amo. Viva Iria Flavia". Seu corpo está sendo velado agora e será enterrado amanhã, em Iria Flavia. Ao todo, Cela publicou cerca de 70 trabalhos, entre poemas, ensaios, guias de viagem e 10 romances. A Família de Pascual Duarte é seu romance de estréia e também sua obra-prima. Censurado pela ditadura do general Francisco Franco, contra a qual Cela lutou durante a Guerra Civil (1936-39), acabou sendo lançado na Argentina, em 1942. Tornou-se um fenômeno editorial: é considerado o romance mais popular na Espanha desde Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. A Família de Pascual Duarte ajudou a sepultar o lirismo da geração de escritores pré-franquismo e fez de seu autor o líder do "tremendismo", corrente literária marcada pelo estilo direto, cru, violento. Embora tenha feito fama também como um bon vivant, amante da boa comida, das mulheres e viajante inveterado, seus temas mantiveram-se sombrios por muito tempo. Jogo de tênis - Cela foi o quinto autor espanhol a receber o prêmio Nobel, mas o primeiro romancista. Ao entregar-lhe, a Academia Sueca citou sua "rica e intensa prosa". Ao receber a homenagem, o ex-combatente limitou-se a dizer que muitos outros escritores espanhóis poderiam igualmente ter recebido o prêmio. Aos jornalistas, resumiu depois: "A vida é como um jogo de tênis, e desta vez eu ganhei". Além da mulher, Cela deixa também um filho de seu primeiro casamento, Camilo Cela Conde, nascido em 1946.