Morre aos 82 o caricaturista Miécio Caffé

Baiano de Juazeiro, o artista registrou ao longo de sua carreira a evolução da MPB, em célebres desenhos de Clementina de Jesus, Ataulfo Alves, Chico, Gil, Caetano, entre dezenas

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Por Agencia Estado
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Morreu ontem na Praia Grande, litoral de São Paulo, o cartunista, caricaturista e colecionador da MPB Miécio Caffé, aos 82 anos. Baiano de Juazeiro, o cartunista sofria do mal de Alzheimer e estava internado num asilo naquela cidade. Seu corpo deve ser trazido para São Paulo, para o sepultamento no Cemitério do Tremembé. Além de ter sido um dos mais regulares documentaristas da evolução da MPB - desenhou Clementina de Jesus, Dalva de Oliveira, Ataulfo Alves, Chico, Gil, Caetano, entre dezenas -, Caffé era célebre por ter reunido uma das maiores discotecas do País. Em abril de 1989, ele passou ao Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo sua coleção, cerca de 7 mil discos de 78 rotações por minuto. E acaba de virar personagem de um documentário de Carlos Adriano, o diretor de Remanescências. Chama-se Um Caffé com o Miécio. Além da coleção de discos, ele também repassou ao MIS 683 horas de depoimentos gravados com músicos de vários épocas, livros sobre MPB e centenas de ilustrações suas. Segundo o cartunista Jal, organizador do prêmio HQ Mix e amigo do artista, Miécio Caffé morreu desiludido com os rumos que foram dados à sua coleção. Segundo ele, pouco foi aproveitado do material em reedições. O artista desenhou muitos cartazes para filmes da produtora Cinédia, nos anos 1930 e 40. Alguns dos seus cartazes e caricaturas podem ser vistos nas paredes do Bar Filial, na Rua Fidalga (Vila Madalena), em São Paulo. Como cartunista, suas maiores influências foram J. Carlos, Luis Sá e ele também dava crédito ao americano Alex Raymond, criador de Flash Gordon. Começou nos anos 50, desenhando para revistas e jornais como O Riso, O Malho, Radar e A Marmita. "Lá em Juazeiro, no sertão da Bahia, meu pai reunia todos nós para escutar música após o jantar. Ouvia-se de tudo, do clássico ao popular", ele disse, em entrevista. "Eu nunca fiz nada além de desenhar e ouvir música. Até meus discos, quem comprava era a Hedy (sua mulher, já morta). Ela comprava, limpava com todo o cuidado, fazia a ficha, tudo."

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