
29 de março de 2012 | 03h10
"Ela estava bem, era uma pessoa de hábitos muito saudáveis, não cometia excessos. Tinha as coisinhas normais da idade, mas nada que a fizesse ficar acamada", lamentou a cantora Ellen de Lima, sua amiga.
"Convivo com ela desde antes da Rádio Nacional, já viajávamos juntas. São mais de 50 anos de amizade. Com a morte de Nora Ney (em 2003), ela passou a fazer conosco os shows Cantoras do Rádio. No gênero dela, era um ícone, única, eterna."
O apresentador Chico Pinheiro gravou um programa Sarau com ela na segunda-feira. Ademilde lembrou sucessos acompanhada do cavaquinista Henrique Cazes. "Alegre, festiva, ela se despediu da vida cantando", disse Pinheiro, ontem.
Já com quatro bisnetos, Ademilde estava sempre bem arrumada - as amigas brincavam que já dormia maquiada e penteada. Era bem-humorada e tinha prazer em cultivar as velhas histórias dos bastidores do rádio.
Nasceu no Rio Grande do Norte e lá morou até 1940, quando se tornou carioca. Cantava desde criança e na adolescência passou a participar de serestas, vindo a se casar com um violonista seresteiro. Em 1941, veio para o Rio. Na cidade, receberia de Benedito Lacerda o título de rainha.
Em 1942, gravou o primeiro dos mais de 50 discos (a maior parte, 78 rotações; nos anos 40, 50 e 60, por vezes lançou mais de um por ano). Os maiores sucessos seriam Tico-Tico no Fubá - o primeiro de todos - , Brasileirinho, O Que Vier Eu Traço e Apanhei-te Cavaquinho.
Apresentou-se com Canhoto, Jacob do Bandolim e Pixinguinha e com a orquestra de Radamés Gnattali. Não gravou só choros, mas também maxixes, marchas e sambas. Excursionou pelo País todo e pela Europa - chegou a ter show em cartaz em Portugal por meses.
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