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Monica e o desejo

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Por Redação
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Um Verão Escaldante traz de novo à cena o diretor Philippe Garrel, um dos herdeiros reconhecidos da nouvelle vague. Mas traz, principalmente, o esplendor de Monica Bellucci, pivô de uma série de encontros e desencontros entre dois casais de amigos durante um verão terrivelmente quente na Itália. A temperatura alta, claro, é metáfora do desejo tórrido que percorre a história e determina os destinos dos personagens. Como marido da Bellucci, está Louis Garrel, o filho do diretor, no papel do pintor Frédéric. Paul (Gérome Robarde) é seu melhor amigo. Paul é casado com Elizabeth (Céline Salette), e assim está formado o quarteto. O filme concorreu no Festival de Veneza do ano passado e despertou reações contraditórias. Por exemplo, o veterano crítico da revista Posifit, Michel Ciment, disse que Garrel só estava lá porque fazia parte da família dos Cahiers du Cinéma e essa afiliação tinha valor de dogma para os programadores de festivais. Vale dizer que Cahiers du Cinéma e Positif travam uma batalha estética e ideológica que não arrefece há décadas. Mas, de modo geral, o trabalho foi bem apreciado. Primeiro, porque não cede jamais à vulgaridade das histórias batidas sobre imbróglios amorosos, à maneira das comédias românticas contemporâneas. O que para ele está em jogo é o caráter, vamos dizer assim, radical do amor. Do amor e do desejo, como impulsos que podem levar ao paraíso como ao inferno. Depois, porque o que temos aqui é cinema para valer. Cinema-cinema, e não essa montoeira habitual de diálogos frouxos e imagens desleixadas. Cinema é, também, invenção visual, rigor da forma, exercício de um estilo aprendido e consolidado ao longo dos anos. Tudo isso Phillipe Garrel tem. Outros também, mas o grupo não é muito grande. São antes a exceção que a regra. / LUIZ ZANIN ORICCHIO UM VERÃO ESCALDANTE Direção: Philippe Garrel. Gênero: Drama (It-Fr-Suíça/ 95 min.). Elenco: Monica Bellucci, Louis Garrel, Celine Sallette. Estreia prevista para sexta.

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