27 de abril de 2018 | 12h02
Moda tem que ter significado?
A gente não quer mais coisas mudas, tudo tem que ter uma fala, um suspiro que seja. A moda tem que ter um propósito, assim como a vida.
Tocar em assuntos relevantes traz narrativa para a passarela.
Acho que sim. A história das fotos perdidas pelas famílias que tiveram suas casas inundadas, em Mariana, me marcou muito. Logo quando aconteceu a tragédia, vi na TV o Seu Antonio, que por oito meses cavou o lugar onde estava a casa dele à procura de uma foto das duas filhas gêmeas que morreram. A única coisa que ele tinha era essa foto.
Barra Longa está em processo de reflorestamento?
A cidade está reconstruída, está melhor do que era antes até. As plantas já tomaram conta do lugar. Eu digo que é uma lição de resistência para a gente, são elas as primeiras que rompem a terra seca.
Neste momento em que o varejo passa por uma crise, a moda está resistindo?
O mundo mudou rápido, envelheceu rápido e a gente está querendo sentidos novos para velhas coisas. São tempos de resistência, e isso é no mundo inteiro. Hoje, por exemplo, não me interessa o que você faz, mas por que você faz.
E por que você faz roupa?
A roupa é meu canal de comunicação e isso pode ser transformador. Não dá para esconder a tragédia debaixo do pano. As barragens continuam rompendo no Brasil, mas não queria reforçar a tristeza. Queria que fosse um alento.
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