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MIS rende tributo aos 80 anos de Thomaz Farkas

Programação com exposição de fotos, mostra de filmes e debates começa hoje no Museu da Imagem e do Som

Por Agencia Estado
Atualização:

Começa hoje, no Museu da Imagem e do Som (MIS), de São Paulo, uma programação especial que reúne fotografias tiradas por Farkas entre 1949 e 1950, uma mostra de filmes dele (como Hermeto Campeão, de 1981) e sobre ele (como Thomas Farkas, Brasileiro, de Walter Lima Jr.) e ainda dois debates sobre sua obra versátil. Thomaz Farkas completa, na sexta-feira, 80 anos. Ele receberá "alguns amigos íntimos" na Cinemateca Brasileira, instituição que o tem na função de presidente do Conselho Deliberativo. O convite para a festa, dirigido a colegas dos muitos ofícios que exerce -- fotógrafo, empresário, produtor e diretor de cinema, além de professor da USP -- traz estampada imagem do menino húngaro, aos 6 anos, montado numa motocicleta. Meses depois, ele e a família se mudariam, em definitivo, para o Brasil. Filho e neto de fotógrafos, o garoto húngaro cresceria com uma câmera pendurada no pescoço e daria seqüência a uma dinastia de profissionais da imagem. Desde os 6 anos, quando chegou ao Brasil, vindo de Budapeste, onde nasceu, até hoje, sua paixão pelo país adotivo só fez crescer. Formou-se em Engenharia na Escola Politécnica da USP e iniciou-se na fotografia na loja do pai (matriz da Fotoptica, que a família administrou ate a década passada). Nos anos 40, integrou-se ao Foto Clube Bandeirantes e começou seus experimentos, realizando fotos abstratas. Conheceu o grande fotógrafo inglês Chick Foyle (O Pagador de Promessas), na Vera Cruz, e, amadoristicamente, realizou seus primeiros filmes. O cinema entraria, para valer, na vida do profissional da fotografia, quando ele conheceu o argentino Fernando Birri e os jovens hispano-americanos e brasileiros (entre eles, Vladimir Herzog) que passaram pela Escola de Documentários de Santa Fé, na Argentina. Das discussões do grupo (integrado além de Birri, por Edgard Pallero, Maurice Capovilla, Geraldo Sarno, Manuel Horácio Gimenez, Sergio Muniz e Herzog) nasceu o desejo de realizar filmes sobre a realidade brasileira. Geraldo Sarno fez Viramundo (sobre migrantes nordestinos em SP); Paulo Gil Soares, o seminal Memória do Cangaço (que recuperou imagens de Lampião e bando, feitas pelo mascate Benjamin Abrahão); Maurice Capovilla, Subterrâneos do Futebol; e Gimenez, Escola de Samba. Os quatro títulos foram reunidos no longa Brasil Verdade (1966). No fim dos anos 60, Farkas comandou mais uma bateria de 25 curtas, todos focados na cultura popular brasileira, em especial a nordestina, reunidos sob o nome genérico de A Condição Humana. Novos profissionais se agregaram ao núcleo inicial e dirigiram estes filmes - Sérgio Muniz, Guido Araújo, Eduardo Escorel, Miguel Rio Branco, Jorge Bodanzky, Lauro Escorel, Pedro Farkas e Mauricio Beru. A trupe acabou identificada pelo agregador título de Caravana Farkas. Além de Brasil Verdade, Thomaz Farkas produziu mais três longas-metragens: Sítio do Pica-Pau Amarelo e Coronel Delmiro Gouveia, ficções dirigidas por Geraldo Sarno, e Herança do Nordeste (coletânea de cinco curtas). Co-produziu os documentais Tristes Trópicos, de Arthur Omar, Certas Palavras com Chico Buarque, de Mauricio Beru, e Jânio a 24 Quadros, de Luiz Alberto Pereira. Como diretor, ele assina três curtas: Paraíso Juarez (sobre o artista plástico Juarez Paraíso, o Pedro Arcanjo de Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira); Todomundo (Futebol + Torcida = Espetáculo Total!) e Hermeto, Campeão (sobre o multiinstrumentista Hermeto Paschoal).

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