
26 de abril de 2018 | 22h25
Atualizado 27 de abril de 2018 | 20h40
FLORIANÓPOLIS - Artistas e produtores culturais de Santa Catarina captaram, em 2017, quase 34 milhões em projetos culturais. Segundo o levantamento do Ministério da Cultura, Santa Catarina foi o sexto Estado brasileiro que mais captou recursos via Lei Rouanet para a realização de espetáculos e manutenção de espaços de arte e cultura. No entanto, para o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, os números são insuficientes. Em entrevista à CBN/Diário de Florianópolis, Sá Leitão afirmou que “há um déficit de capacitação” na formulação de projetos pelo País e que Santa Catarina tem potencial para apresentar projetos “mais consistentes, substanciais e atraentes para patrocinadores”. Ainda segundo a entrevista, o principal objetivo do ministério é melhorar o uso dos instrumentos de fomento no âmbito do governo federal, sobretudo nas regiões e nos Estados onde este uso está aquém do potencial existente. “O que me parece ser o caso de Santa Catarina”, disse.
Sá Leitão esteve nesta quinta-feira, 26, na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), em Florianópolis, para o lançamento do Seminário Cultura Gera Futuro, programa que percorre os Estados brasileiros com o objetivo de capacitar produtores e gestores culturais. À tarde, o ministro visitou as instalações do Centro Integrado de Cultura (CIC) – espaço público que reúne museus, galeria e oficina de arte, teatro e a administração da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) –, e participou de um encontro com a comunidade cultural.
Na ocasião, um grupo de representantes da produção cultural de Florianópolis se reuniu no CIC para o ato ‘Vamos dar as costas ao ministro da Cultura’. Esse ato foi convocado pela internet em função de desacordos com as políticas de cultura, mas a entrevista do ministro acabou sendo repercutida no evento. Estavam no local sete produtores, do audiovisual, das artes visuais, do teatro, da literatura e dos pontos de cultura, em uma plateia formada por pouco mais de 40 pessoas – entre assessores, funcionários públicos do governo estadual e municipal e membros de conselhos de cultura.
De acordo com o manifesto, “não é preciso que nos digam quando precisamos de treinamento ou empurrão. Santa Catarina possui potencialidade de produção cultural não incentivada pelo governo para formação de novos grupos e produtores. O Edital Elizabeth Anderle, de fomento à cultura, acontece a cada três anos e o Funcultural é uma ficção para produtores independentes”.
O presidente do Conselho Estadual de Cultura, Marcondes Marchetti, tentou apaziguar o tom da crítica e disse que “o setor de cultura do Estado louva a iniciativa do ministro e que, se as circunstâncias políticas do Brasil permitirem, gostaríamos que esse trabalho tivesse continuidade”.
Em nota enviada ao Estado, a assessoria do MinC diz que, “ao afirmar, em entrevista à CBN/Diário de Florianópolis, que ‘há um déficit de capacitação’, o ministro da Cultura se referia ao País, e não apenas a Santa Catarina. O objetivo do Ministério da Cultura com o Circuito #CulturaGeraFuturo é garantir qualificação a produtores culturais de todas as regiões brasileiras, para que eles apresentem mais projetos, melhor estruturados, e possam com isso ter mais chances de conquistar o apoio dos instrumentos de fomento disponíveis no Governo Federal. Essa capacitação é importante também para Santa Catarina, que em 2017 foi o estado da região Sul que menos captou recursos via Lei Rouanet”.
Mercado de Cultura. Pela manhã, o ministro participou de um café da manhã com empresários na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), onde enfatizou a importância do apoio do empresariado aos projetos culturais da região, por meio da Lei Rouanet. Ainda na Fiesc, o Ministério da Cultura realizou a oitava rodada do Circuito Cultura Gera Futuro, evento que já passou por Macapá (AP), Fortaleza (CE), Brasília (DF), João Pessoa (PB), Rio Branco (AC), Belo Horizonte (MG) e Maceió (AL) e, de Florianópolis, segue para Curitiba (PR) e Natal (RN).
Sá Leitão apresentou dados para mostrar o aumento dos investimentos previstos pelo ministério. "Em 2018, há R$ 1,43 bilhão de recursos disponíveis para incentivo a projetos via Lei Rouanet em todo o Brasil e cerca de R$ 1,5 bilhão para o fomento ao audiovisual, via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e Lei do Audiovisual. Nosso objetivo é fazer com que esses recursos cheguem a um número cada vez maior de projetos, de diferentes regiões do país", ressaltou o ministro.
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