Minissérie sobre a vida de JK estréia na Globo

A autora Maria Adelaide Amaral garante que a série sobre o presidente Juscelino Kubitschek não será chapa-branca. Veja galeria

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Por Agencia Estado
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Um pouco de história: presidente da República desde o suicídio de Getúlio Vargas, Café Filho adoece em novembro de 1955 e, na sua ausência, o então presidente da Câmara, Carlos Luz, que em tese deve tomar conta da lojinha, digamos, e assumir a Presidência da República, é acusado de aproveitar-se do fato para consumar um golpe de Estado, apoiado por Carlos Lacerda. O objetivo: impedir Juscelino Kubitschek de assumir o poder. JK havia sido eleito pelo voto popular em 3 de outubro, e João Goulart (Jango), eleito vice. O próprio Café Filho é impedido de reassumir seu posto após obter alta da junta médica, em dezembro de 55. Seu ministro do Exército, o general Henrique Teixeira Lott, legalista, garante, com as tropas do Exército, a posse de JK, em janeiro de 1956, vencendo as articulações de udenistas e militares. Na tela da TV Globo, que na época sequer existia, é a imagem de JK que sai bem na fita. E a das Organizações Globo, claro, que reposicionam as vírgulas de acordo com o time que já se sabe vencedor. As chamadas que anunciam a minissérie JK que estréia nesta terça às 21h50, já dizem a que vem o JK de Wagner Moura - papel a ser vestido por José Wilker na segunda etapa. Que ninguém duvide: é o herói da história. ?E o que você queria??, admite a autora Maria Adelaide Amaral ao Estado. Adelaide é assim, de uma franqueza rara entre o time que circula no meio televisivo. Desde que começou a fazer script da vida de JK, sonha com seu personagem dia sim dia não. Escreve a série com Alcides Nogueira, mas foi ela quem levou à direção da Globo a idéia de retratar JK. E diz que sua minissérie não será ?chapa-branca? - apesar da bênção obtida da família Kubitschek. Nem pensa em omitir as falhas de seu mocinho. ?Ué, nas eleições de 60 para Minas, ele apoiou oficialmente o Tancredo (Neves), legalista, mas, oficiosamente, torcia pelo Magalhães Pinto, da UDN. Isso foi um ato trágico?, lembra Adelaide. ?Do mesmo jeito, cometeu um ato trágico ao votar a favor do Castelo (Branco) e apoiar o golpe de 64. Dois meses depois ele (JK) estaria sendo cassado?, completa. ?Isso tudo estará em cena.? Mestre em equacionar conhecimento e entretenimento para a massa, a ponto de não dispersar a audiência, Adelaide não deita nessa fama, não. ?O maior desafio é transformar momentos históricos da maior importância num produto altamente irresistível?, fala. No caso de JK, a grande dificuldade foi contextualizar a indicação do nome dele para a Presidência da República, o boicote sofrido e o golpe de 55. ?Se eu não contar essa história claramente, ninguém vai entender o resto.? Contexto político O princípio dos autores é o seguinte: isso não é documentário, mas nem por isso há de se distorcer fatos históricos. O mesmo não se pode dizer da vida pessoal do ex-presidente. Sob o nome de Marisa, a personagem de Letícia Sabatella ?sintetizará? todas as amantes de JK. A titular, dona Sarah, será representada por Débora Falabella na primeira fase e por Marília Pêra na segunda, a partir do capítulo 16. Imagens reais em preto-e-branco, mais fotos da época vão costurar a produção, mas não predominam, avisa Dennis Carvalho, o diretor da minissérie. Entre os personagens reais que desfilarão na série, vale um holofote sobre Adolpho Bloch, interpretado por Sérgio Viotti. ?Seu Adolpho?, como era chamado pelos funcionários de seu grupo, falido após sua morte, será bem representado na tela da ex-concorrente. É justo. Foi ele o criador da sigla JK. Não houve veículo que tenha estampado mais fotos e linhas de Juscelino do que a extinta revista Manchete. O general Lott virá na pele de Cecil Thiré. Oscar Niemeyer, cujos traços da Pampulha e de Brasília servem de base para a abertura da série, será vivido por Rodrigo Penna. José de Abreu será Carlos Lacerda. Ranieri Gonzalez (primeira fase) e Osmar Prado farão José Maria Alckmin. Getúlio Vargas, Lúcio Costa e Tancredo Neves, ainda sem atores escalados, também estarão em cena. Outra personagem real que tem sua história ligada à de JK é a da rainha da noite, Lilian Gonçalves, cuja mãe trabalhou como cozinheira do ex-presidente em Brasília. Filha do cantor Nelson Gonçalves, a loira será interpretada pela angelical Mariana Ximenez. E o elenco é gente que não acaba mais. São mais de 100 atores para contar 74 anos de história. Fábio Assunção faz uma ?participação afetiva? como pai do ex-presidente. Júlia Lemmertz e Ariclê Perez fazem a mãe. Paulo José é o avô materno. Também estão lá Cássio e Tato Gabus, Marília Gabriela, Camila Morgado, Nathalia Timberg, Antonio Calloni, Betty Goffman, Caco Ciocler, Cássia Kiss, Clarisse Abujamra, Débora Bloch, Denise Del Vecchio, Emílio de Mello, Eva Wilma, Guilhermina Guinle, Louise Cardoso, Marcos Caruso, Mila Moreira, Otávio Augusto, Regina Braga, Samara Fellipo, Xuxa Lopes e, de novo como o trio Tarsila do Amaral, Oswald e Mário de Andrade, Eliane Giardini, José Rubens Chachá e Pascoal da Conceição. Dan Stulbach, Débora Evelyn e Luís Melo compõem um núcleo de ficção que bate forte no coronelismo combatido por JK em início da carreira. E já sabe, né? Quanto mais malvado é o vilão, (função de Luís Melo) maior o valor do mocinho.

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