MinC reformula lista de livros para bibliotecas

Contestada por editores, a seleção foi refeita. Com a nova lista, a concentração de autores comprados foi sensivelmente reduzida

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério da Cultura reformulou nesta semana a seleção de livros para o programa Uma Biblioteca em Cada Município e decidiu adotar uma nova lista a ser comprada. A decisão ocorreu após a lista de compras, organizada pelo secretário do Livro e da Leitura, Ottaviano de Fiore, e divulgada em novembro, ter sido questionada por editores. A decisão de compor uma nova lista, de 2.811 títulos, foi tomada por uma comissão especial, formada pelo ministro da Cultura, Francisco Weffort, pelo secretário De Fiore, pelo secretário-executivo Ulysses Cesar Amaro de Melo e pela professora Walda de Andrade Antunes. A comissão foi formada por Weffort depois que o professor da Universidade de Brasília, Antônio Lisboa de Miranda, presidente da comissão que avaliou inicialmente os livros, alegou dificuldades para realizar o trabalho de reelaborar uma lista ainda neste ano. A comissão liderada por Miranda havia selecionado, anteriormente, 3.138 títulos, neste ano. Da lista inicial do Minc, constavam não só esses livros, mas também obras indicadas pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e pelo Instituto Brasil Leitor (IBL) e ainda vários títulos cuja compra fora decidida pelo secretário de Fiore. O secretário disse ter incluído obras que visavam a preencher lacunas deixadas pela comissão e pelas editoras (que não submeteram todos os seus títulos à comissão), valendo-se de sua "experiência de leitor, pai e professor". Segundo levantamento de editores que ficaram descontentes com a compra inicial, 700 títulos não constavam da lista deste ano da comissão e pelo menos 450 não faziam parte da lista da FNLIJ e do IBL. De acordo com a nota assinada por Fiore (disponível no endereço www.minc.gov.br), na nova lista "são considerados apenas os títulos anteriormente propostos pela comissão", em listas publicadas em outubro de 2000 e em novembro deste ano, e que obtiveram avaliação 5 ou 4 (num intervalo de 1 a 5). A comissão havia, anteriormente, incluído também em suas listas as obras que haviam recebido nota 3 (o Minc, entretanto, não tornara públicas essas notas). Segundo Miranda, o critério de formação do acervo do programa não inclui apenas a qualidade da obra, mas sua pertinência em bibliotecas públicas. Cada livro foi avaliado por, no mínimo, dois integrantes da comissão. "Muitas editoras enviaram obras muito especializadas, que seriam mais adequadas para bibliotecas universitárias e de pesquisa", escreve Miranda. Na avaliação de 2001, foram desconsiderados os títulos já aprovados em 2000, porque, para a comissão, seu trabalho visava a constituir um acervo. Ainda segundo Miranda, o trabalho da comissão é apenas "técnico e indicativo", cabendo ao ministério tomar a decisão sobre o que comprar. Apesar desta posição, sugere que a elaboração de uma lista que contenha, exclusivamente, os títulos avaliados nos dois anos pela comissão. Com a nova lista, a concentração de autores comprados foi sensivelmente reduzida. Ana Maria Machado, que tinha 68 obras na lista anterior, agora tem 62. Ruth Rocha, que tinha 60, agora tem 44. Sylvia Orthof, que tinha 38, agora tem 37, e Ziraldo, que tinha 32, agora tem 30. Juntos, eles somam agora 173 títulos, ou 6,2% da compra. Antes, respondiam por 17,5%, somando 198 obras, num total de 1.129. Já o número de livros de Monteiro Lobato subiu de 31 para 39.

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